Ministro da Justiça, Flávio Dino, é autor de emenda que leva ao indeferimento de candidatura e cassação do mandato de Deltan Dallagnol
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu indeferir o registro de candidatura do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e cassar seu mandato com base em uma emenda proposta pelo atual Ministro da Justiça, Flávio Dino. A emenda, apresentada em 2010, quando Dino era deputado federal pelo PCdoB do Maranhão, estabelecia a inelegibilidade de magistrados e membros do Ministério Público que tivessem pedido exoneração ou aposentadoria durante um processo administrativo disciplinar, como previsto na Lei da Ficha Limpa.
Após a decisão do TSE, Flávio Dino ironizou a situação em suas redes sociais, afirmando: “Pois é. É da minha autoria, quando deputado federal, a emenda que em 2010 determinou a aplicação da Lei da Ficha Limpa a magistrados e membros do Ministério Público. Mas juro que não viajo no tempo, antes de que disso me acusem”.
Antes de se candidatar, Deltan Dallagnol ocupou o cargo de procurador e foi o líder da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba até o encerramento das atividades do grupo. Após a cassação de seu mandato, Flávio Dino, que antes criticava a operação, publicou o texto da emenda de 2010 e compartilhou um meme no qual ele mesmo aparece como personagem do filme “De Volta para o Futuro”.
Antes do desfecho no TSE, o ministro da Justiça fez referência a um trecho bíblico ao comentar o julgamento, direcionando sua mensagem ao presidente Lula, alvo de acusações da Operação Lava-Jato conduzidas por Dallagnol. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Está em Mateus 5, 6”, destacou o político.