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Flotilha Yaku Mama chega à COP30 com demandas de povos indígenas

Mais de 60 lideranças e ativistas ambientais indígenas concluíram uma viagem de barco de 25 dias, partindo do Equador e navegando por cerca de 3 mil quilômetros pelo Rio Amazonas até chegar a Belém, capital do Pará, para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). A iniciativa, chamada Flotilha Yaku Mama — que significa “Mãe D’água” —, foi idealizada por entidades indígenas da região, incluindo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), e contou com a participação de representantes de nove países, como Guatemala, México, Panamá, Colômbia, Peru, Indonésia e Escócia.

O objetivo principal da jornada foi fortalecer a solidariedade entre os povos indígenas além das fronteiras nacionais e apresentar reivindicações durante a COP30, que acontece em Belém. Entre as demandas destacam-se a maior participação dos povos originários na gestão de seus territórios, o acesso à água potável, e o combate mais efetivo à mineração, à exploração de petróleo e à violência contra as comunidades indígenas. Essas pautas são consideradas essenciais para a preservação da Amazônia e o enfrentamento da crise climática global.

Lucia Ixchiu, porta-voz da Flotilha Yaku Mama e indígena Maya K’iche da Guatemala, enfatizou que a luta é um chamado urgente para o reconhecimento da justiça climática que nasce na terra, nos rios e nos povos que cuidam dela. Segundo ela, “a situação mundial é muito difícil” e é fundamental construir solidariedade para, por exemplo, combater a poluição do rio Amazonas.

Outro participante, o líder indígena Pablo Inuma Flores, da região do Baixo Madre de Diós, no Peru, destacou a importância de buscar combustíveis limpos para evitar derramamentos e a necessidade de zerar a dependência de combustíveis fósseis, a mineração ilegal, o extrativismo, o desmatamento e a extração ilegal de madeira. Seu discurso ressalta a busca por uma convivência sustentável baseada no respeito às comunidades e à biodiversidade.

Durante a COP30, estima-se a presença de cerca de 3 mil indígenas de diversas etnias, sendo mil participantes nas negociações oficiais. Para abrigar essa representatividade, foi montada a Aldeia COP, uma estrutura localizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), com programação própria voltada a políticas públicas, fundos de financiamento e intercâmbio cultural. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, ressaltou a importância da participação desses povos, afirmando que “os povos indígenas são fundamentais para enfrentar a crise climática”, já que eles protegem vastas áreas de florestas intactas.

A flotilha e a representatividade indígena na COP30 reforçam a crescente presença e protagonismo dos povos originários nas discussões ambientais internacionais, conectando a defesa dos territórios ancestrais à implementação de soluções reais para a crise climática, além de exigir reconhecimento e respeito dos direitos territoriais como condição essencial para o combate eficaz às mudanças climáticas.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)