Home / Brasil e Mundo / Funai solicita apoio da PF para investigar emboscada no Pará

Funai solicita apoio da PF para investigar emboscada no Pará

### Emboscada na Terra Indígena Apyterewa: Vaqueiro é morto durante operação de desintrusão no Pará

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) confirmou que o vaqueiro Marcos Antônio Pereira da Cruz, de 38 anos, foi vítima de uma emboscada enquanto auxiliava em uma operação de desintrusão na Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no Pará. O crime ocorreu na segunda-feira (15), quando ele foi alvejado no pescoço por volta das 14h, durante o deslocamento de cerca de 350 cabeças de gado de uma área invadida ilegalmente.

A operação faz parte do cumprimento de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF nº 709), ajuizada em 2020 pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) em meio à pandemia de Covid-19, para proteger indígenas vulneráveis de invasões por pecuaristas e garimpeiros. Desde então, o poder público atua para remover os invasores, envolvendo órgãos como o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Força Nacional e as polícias Civil e Militar.

A Funai classificou a situação como preocupante, mas informou que os servidores estão seguros em uma base de apoio próxima ao distrito da Taboca. A fundação suspeita de “antigos moradores da Terra Indígena, que ainda invadem o local para criação ilegal de gado”, e solicitou reforço da Polícia Federal (PF), cujas equipes já seguem para a região. A PF realiza diligências no local, com o caso sob investigação da delegacia em Redenção (PA).

Uma equipe do programa *Caminhos da Reportagem*, da TV Brasil, esteve recentemente na área preparando um especial sobre a desintrusão. A repórter Ana Passos relatou que mais de 2 mil pessoas ligadas à criação de gado e cultivo de cacau já foram retiradas do território, mas ainda restam mais de 40 pontos com bovinos remanescentes ou reintroduzidos clandestinamente. “Apesar de os produtores rurais já terem sido retirados da área, há um gado remanescente. O Ibama detectou mais de 40 pontos onde ainda há bovinos. Alguns invasores continuam tentando entrar lá pra manejar esse gado. Eles vêm fazendo atentados contra os indígenas e contra os agentes do Estado. Um funcionário da Funai chegou a ser baleado no ano passado”, detalhou ela. Os invasores, segundo a repórter, queimam pontes e espalham estruturas pontiagudas nas estradas para furar pneus de veículos oficiais. A complexidade aumenta porque o gado está em áreas de mata densa, inacessíveis por carro ou quadriciclo.

Em nota, o Ibama afirmou que adotou medidas para apurar o crime, identificar os responsáveis e promovê-los à responsabilização legal. O instituto lamentou profundamente a morte, expressou solidariedade à família e informou que presta apoio necessário neste momento de dor.

A Terra Indígena Apyterewa, com 773 mil hectares, foi o território mais desmatado da Amazônia Legal entre 2019 e 2022, mas viu os índices caírem após a desintrusão de 2023. Ainda assim, a violência persiste, com relatos de ataques recentes a indígenas Parakanã e tentativas de reocupação para manejo de gado ilegal, evidenciando os desafios para a pacificação definitiva da área.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

Deixe um Comentário