O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, neste domingo (23), a importância de se debater a soberania dos países sobre o conhecimento e o valor agregado dos minerais críticos durante seu discurso na última sessão temática da Cúpula de Líderes do G20, realizada em Joanesburgo, na África do Sul. Lula ressaltou que a transição energética, aliada à inteligência artificial e ao trabalho decente, são vetores essenciais para o desenvolvimento presente e futuro das próximas gerações. Ele enfatizou que países com grandes reservas minerais não devem ser vistos apenas como fornecedores, mas como parceiros tecnicamente inovadores que agregam valor à exploração desses recursos, reforçando a soberania nacional por meio de políticas responsáveis ambiental e socialmente.
Os minerais críticos, como lítio, cobalto, níquel e terras raras, possuem papel estratégico para tecnologias verdes, defesa e indústria eletrônica. A oferta dessas matérias-primas enfrenta riscos de escassez e dependência de poucos fornecedores. Neste contexto, pela primeira vez, o G20 deve aprovar um documento que defende o beneficiamento desses minerais nos países de origem, um marco especialmente para nações em desenvolvimento. O Brasil detém cerca de 10% das reservas mundiais desses minerais e tem buscado, através do Conselho Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, implementar políticas que visam não apenas exportar esses recursos, mas também fortalecer a cadeia global de valor localmente, agregando tecnologia e inovação.
Além da pauta dos minerais críticos, Lula abordou a inteligência artificial como uma grande oportunidade para promover inovação, produtividade e práticas sustentáveis, alertando para os riscos de exclusão causados pela concentração de tecnologia nas mãos de poucos. Ele defendeu a criação de uma governança global sob a liderança das Nações Unidas para garantir o uso seguro, protegido e confiável da IA. Outro ponto destacado foi a necessidade de alinhar o desenvolvimento tecnológico com a geração de oportunidades de trabalho e proteção aos trabalhadores, diante do impacto da automação sobre 40% dos empregos globais.
A presidência da África do Sul no G20 pautou ainda temas como fortalecimento da resiliência a desastres, sustentabilidade da dívida pública em países de baixa renda e financiamento para uma transição energética justa. Lula participou da cúpula juntamente com líderes do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (IBAS), em busca de reforçar cooperações Sul-Sul. Após o evento, o presidente seguiu para uma visita de trabalho a Maputo, Moçambique, em celebração aos 50 anos de relações diplomáticas entre os países, reafirmando a prioridade do Brasil em fortalecer laços com a África.

