O governo federal anunciou neste sábado, 18 de outubro de 2025, em São Bernardo do Campo (SP), um novo edital da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), que destinará R$ 108 milhões para apoiar até 500 iniciativas de cursinhos populares até 2026. O anúncio contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro da Educação Camilo Santana e do ministro da Fazenda Fernando Haddad, consolidando o compromisso do governo com a equidade educacional e o acesso à universidade para estudantes de baixa renda.
A CPOP foi instituída pelo Decreto 12.410/2025 e tem como principal objetivo fornecer suporte técnico e financeiro para a preparação de alunos da rede pública em situação de vulnerabilidade social que buscam ingressar no ensino superior por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O primeiro edital, lançado anteriormente, já selecionou 384 cursinhos populares em todo o país, beneficiando mais de 12,1 mil estudantes com um investimento de R$ 74 milhões. Em cada projeto contemplado, o recurso pôde ser usado para remuneração de professores, coordenadores e equipe administrativa, além de garantir um auxílio-permanência mensal de R$ 200 para até 40 alunos por unidade, tentando suprir necessidades básicas como alimentação e transporte.
O ministro Camilo Santana destacou que a rede de cursinhos populares já existia antes da atuação do governo, mas agora passa a contar com apoio público estruturado. Santana lembrou que o objetivo é transformar o suporte aos cursinhos populares em uma política pública permanente, aumentando para 700 o número de iniciativas beneficiadas até o final desta gestão. Segundo ele, essa medida representa um avanço na democratização do acesso à educação superior, ao lado de programas consolidados como o Prouni, Sisu, Enem e Fies, que já marcam a trajetória do governo Lula na área da educação.
Santana também pontuou a importância de outros programas, como o “Pé-de-Meia”, que visa combater a evasão escolar, e iniciativas de ensino integral e alfabetização, responsáveis por melhorar a qualidade do ensino público. Para o ministro, a educação é o principal motor de transformação social, e a valorização dos professores é condição fundamental para a mudança. “Professor tem que ser a profissão mais valorizada, porque todo mundo passa pelo professor. O médico passa por ele, o engenheiro”, afirmou, reforçando o discurso de equidade e inclusão.
O ministro Fernando Haddad, por sua vez, lembrou da histórica disparidade social no acesso ao ensino superior brasileiro, onde alunos ricos de escolas privadas ocupavam as vagas das universidades públicas, enquanto os egressos de escolas públicas enfrentavam dificuldades para entrar e permanecer nas universidades privadas, esbarrando nos custos desse tipo de educação. Ele mencionou que o Prouni foi pensado justamente para garantir a representatividade de grupos minorizados, incluindo a população negra, tanto entre estudantes quanto entre professores.
Haddad relembrou a resistência inicial à adoção de cotas nas universidades públicas e destacou a transformação ocorrida nos últimos anos: metade das vagas reservadas para alunos de escolas públicas hoje é dividida proporcionalmente entre brancos e negros, de acordo com a composição étnica de cada estado. Isso, segundo ele, fez do Brasil um país mais justo e representativo. “Isso equivale a fazer uma reforma agrária inteira no ensino superior brasileiro. É você dividir com justiça. O aluno de escola particular não podia reclamar que ia ficar com menos, porque reservar a metade não era tirar nada de ninguém, era distribuir de forma mais justa”, afirmou.
O governo ressalta que a presença de alunos de baixa renda e de cor nas universidades públicas não comprometeu a qualidade do ensino — pelo contrário, tornou as instituições mais brasileiras, autênticas e inteligentes. “Hoje você entra em uma universidade pública e vê que mudou de cor. Ela é mais brasileira, é mais autêntica, é mais representativa. E é mais inteligente. Porque, ao contrário do que os nossos críticos falaram, a qualidade da escola pública melhorou, com a participação da classe trabalhadora na universidade”, avaliou Haddad.
Com a expansão dos cursinhos populares e o fortalecimento das políticas de acesso à educação superior, o governo federal demonstra o intuito de manter e aprofundar o legado de inclusão social. O novo edital, a ser lançado em dezembro, pretende não só aumentar o número de projetos apoiados, mas consolidar uma rede nacional que serve como trampolim para milhares de jovens brasileiros, permitindo-lhes sonhar — e conquistar — lugares antes reservados apenas a quem podia pagar por eles. O investimento de R$ 108 milhões é mais uma peça no tabuleiro de uma política educacional que tem, como prioridade, reduzir desigualdades históricas e projetar um Brasil mais equânime.

