O governo federal assinou nesta terça-feira (16) um termo para restaurar o Armazém Docas André Rebouças, situado em frente ao Cais do Valongo, na Pequena África, região central do Rio de Janeiro, com investimento de R$ 86,2 milhões para transformar o edifício em um dos maiores complexos da América Latina dedicados à memória da população negra[1]. O Termo de Execução Descentralizada foi firmado com o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e assinado pelo Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Fundação Cultural Palmares[1]. O projeto prevê que o armazém abrigue o Centro de Interpretação do Patrimônio Mundial Cais do Valongo, com programas de valorização da herança africana e um espaço dedicado ao legado do engenheiro André Rebouças, autor do projeto original do edifício[1]. O acordo também ampliará o Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana (LAAU), responsável pela preservação e estudo de mais de um milhão de peças arqueológicas, incluindo as encontradas durante as escavações do Sítio Arqueológico Cais do Valongo, reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)[1]. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou que o restauro representa um resgate histórico da memória de André Rebouças e um reconhecimento das contribuições do povo afro-brasileiro ao desenvolvimento da nação e à luta contra o racismo[1]. Leandro Grass, presidente do Iphan, lembrou que o armazém, inaugurado em 1871, foi o primeiro prédio no Rio de Janeiro construído sem uso de mão de obra escravizada, e afirmou que o local precisa de um restauro mais consistente, tanto estrutural quanto de uso, para garantir uma ocupação permanente que fortaleça a cultura afro-brasileira e recupere a ancestralidade[1]. A previsão é de que o centro cultural seja aberto ao público 36 meses após o início das obras, cuja previsão de início é até o fim do semestre de 2026[1].

