A Operação Contenção, desencadeada nos complexos da Penha e do Alemão no Rio de Janeiro, resultou na morte de 117 civis, dos quais 99 já foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML), com 89 corpos liberados para retirada pelos familiares. O instituto continua o trabalho para identificar os demais corpos, com a expectativa de conclusão apenas no fim de semana. Além das vítimas civis, a operação também deixou quatro policiais mortos.
Segundo dados divulgados pela Polícia Civil, 78 das pessoas identificadas tinham histórico criminal, e 42 possuíam mandados de prisão pendentes, embora ainda não esteja claro se esses mandados foram emitidos nesta operação ou anteriormente. Entre os mortos, 39 eram oriundos de outros estados, incluindo suspeitos de chefias regionais do tráfico de drogas. A investigação aponta que os complexos da Penha e do Alemão funcionavam como centros estratégicos do Comando Vermelho, atuando como polos logísticos de distribuição de drogas e armas para outras regiões, além de servirem como centros de treinamento que incluíam táticas de guerrilha e manuseio de armamento.
A operação, que reuniu cerca de 2.500 agentes das Polícias Civil e Militar, tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão para conter o avanço do Comando Vermelho. Até o momento, foram presos 113 indivíduos, dos quais 54 têm anotações criminais, e outros 15 suspeitos foram mortos durante a ação. O principal alvo, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, segue foragido.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Subprocuradoria-Geral de Direitos Humanos e Proteção à Vítima, realiza uma perícia independente nos corpos das vítimas, contando com uma equipe de oito profissionais acompanhados por um promotor de Justiça. Essa perícia visa garantir transparência e respeito aos direitos das vítimas e seus familiares, em atendimento a determinações da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal.
Apesar da justificativa do governo de que a ação foi o maior golpe contra o Comando Vermelho já registrado, entidades de direitos humanos e organizações da sociedade civil denunciam a operação como uma “massacre” ou “chacina”, criticando a alta letalidade e relatando execuções, torturas e mutilações nos corpos encontrados, especialmente na mata da região da Penha. Familiares e moradores denunciaram ainda falta de informações oficiais e relataram que os corpos foram retirados em meio a sinais de violência extrema.
Para reforçar os trabalhos de segurança e perícia no Rio de Janeiro, o governo federal enviou 20 peritos criminais da Polícia Federal, conforme anunciado pelo ministro da Justiça. A Polícia Civil também prepara um extenso relatório de inteligência que detalha o papel estratégico dos complexos na estrutura do Comando Vermelho e a qualificação dos criminosos mortos na operação.
Este episódio representa um conflito intenso entre as forças de segurança e organizações criminosas, colocando em foco questões de segurança pública, direitos humanos e a brutalidade das operações policiais nas favelas cariocas.

