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“Jards Macalé dizia que amor é gesto político”, afirma Lula

O músico, compositor e ator Jards Macalé morreu nesta segunda-feira, aos 82 anos, deixando um legado marcante na música popular brasileira. Nascido no Rio de Janeiro, Macalé construiu uma trajetória de mais de cinco décadas, marcada por sua irreverência, pluralidade e engajamento político. Ao longo da carreira, foi presença constante em movimentos artísticos e culturais, influenciando gerações com sua arte e sua postura provocadora.

Macalé começou a carreira profissional em 1965, como violonista dos espetáculos músico-teatrais do Grupo Opinião, grupo de resistência e protesto que ajudou a moldar a cena cultural brasileira. Sua atuação como violonista e arranjador o aproximou de grandes nomes da MPB, como Elizeth Cardoso, Maria Bethânia e Gal Costa, para quem compôs e acompanhou em importantes momentos. Em 1969, chamou atenção nacional ao participar do IV Festival Internacional da Canção, interpretando a canção “Gotham City”, parceria com José Carlos Capinan, que se tornou um marco de sua trajetória e símbolo de sua postura contestadora.

Apesar de não ter participado diretamente do movimento tropicalista, Macalé contribuiu para a reverberação do movimento, tanto pela amizade com artistas como Caetano Veloso quanto pela ousadia de suas escolhas artísticas. Foi o violonista e produtor musical do álbum “Transa”, de Caetano Veloso, considerado um dos discos mais importantes da música brasileira. Sua atuação também se destacou em trilhas sonoras de filmes como “Macunaíma”, “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” e “A Rainha Diaba”, além de sua participação como ator em produções cinematográficas.

Ao longo dos anos, Macalé lançou mais de vinte álbuns, alternando entre composições próprias e homenagens a mestres da MPB, como Noel Rosa, Ary Barroso, Tom Jobim e Nelson Cavaquinho. Seu disco “Jards Macalé”, de 1972, é considerado um dos títulos mais cultuados da música brasileira, reunindo elementos de rock, samba, canção, blues, jazz e baião. Em 2019, lançou o álbum “Besta Fera”, que foi indicado ao Grammy Latino, e em 2024 recebeu o Prêmio da Música Brasileira nas categorias Lançamento de MPB e Melhor Canção de MPB.

Além da música, Macalé foi figura ativa em lutas antirracistas e pela valorização da cultura, sempre mantendo uma postura crítica e independente. Sua voz, marcada por letras sarcásticas e mensagens subliminares, tornou-se referência para artistas de diferentes gerações. No palco, seu violão era uma extensão de seu corpo, evidenciando ecletismo, carisma e originalidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou homenagem ao artista, lembrando sua atuação na luta pela redemocratização e sua presença em sua cerimônia de posse em 2023. “Jards Macalé dizia que o amor é um gesto político. E que em tempos de ódio e intrigas como os que vivemos recentemente, pouca gente falava do amor, e por isso era tão somente cantá-lo. Essa visão de mundo me aproximou de Jards: política e amor devem andar juntos. Não podem ser separados”, afirmou. Caetano Veloso também lamentou a perda, destacando a importância de Macalé em sua trajetória e na história da música brasileira.

Jards Macalé deixa um legado de arte, resistência e inovação, consolidando-se como um dos grandes nomes da música popular brasileira.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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