A Justiça determinou o afastamento temporário do presidente do Banco BRB, Paulo Henrique Costa, e do diretor de Finanças e Controladoria, Dario Oswaldo Garcia Júnior, no âmbito da Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (18). A operação também resultou na prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, que foi detido no Aeroporto de Guarulhos ao tentar deixar o país. A investigação mira a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional, com indícios de criação de operações fraudulentas simulando empréstimos e outros ativos a receber, que eram vendidos a outros bancos. Após auditoria do Banco Central, esses créditos seriam substituídos por outros ativos sem a devida avaliação técnica.
O BRB confirmou que Costa e Júnior ficarão afastados de suas funções por pelo menos 60 dias, garantindo que o banco seguirá operando normalmente e mantendo a segurança das operações, clientes e parceiros. Em março, o BRB havia anunciado a intenção de comprar o Banco Master por R$ 2 bilhões, valor correspondente a 75% do patrimônio consolidado do Master, o que levantou suspeitas no mercado financeiro em razão da atuação controversa da instituição de Daniel Vorcaro. No início de setembro, o Banco Central rejeitou essa aquisição.
A Operação Compliance Zero é resultado de investigações iniciadas em 2024, a pedido do Ministério Público Federal, que visam combater crimes financeiros de grande escala, avaliados em cerca de 12 bilhões de reais. A estratégia fraudulenta teria envolvido a fabricação de carteiras de crédito sem lastro, vendidas para outras instituições financeiras e depois substituídas por ativos pouco ou mal avaliados, prejudicando a confiabilidade do sistema.
O Banco Master ganhou notoriedade por oferecer rendimentos altos para captação de recursos, prometendo até 140% do CDI, acima das médias praticadas por bancos de porte semelhante. Adicionalmente, operações envolvendo precatórios e emissão de títulos em dólares que não conseguiram captar recursos aumentaram as dúvidas sobre sua saúde financeira. Recentemente, o grupo Fictor anunciou a compra do Banco Master, em meio à crise gerada pela investigação.
As ações da Polícia Federal continuam em vários estados, cumprindo mandados de prisão preventiva, temporária, busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas, como parte da ofensiva para desarticular a organização criminosa responsável pelos crimes financeiros investigados. Autoridades e envolvidos ainda não comentaram oficialmente o caso, enquanto o Banco BRB reforça seu compromisso com a transparência e colaboração com órgãos reguladores e o Ministério Público.

