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Letalidade da Operação Contenção desrespeita comunidades, dizem ONGs

A Operação Contenção, realizada pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro na última terça-feira (28), resultou em um dos episódios mais letais da história do estado, com mais de 120 mortos. A ação, que visava desarticular o Comando Vermelho, envolveu um efetivo de 2.500 policiais e foi marcada por intensos confrontos, especialmente na Serra da Misericórdia, onde dezenas de corpos foram encontrados por moradores.

A operação gerou críticas generalizadas de especialistas e organizações de direitos humanos, que questionam a eficácia e a legalidade da ação. Para a diretora executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, a operação reproduz uma lógica violenta que não atinge o coração do crime organizado, mas sim vitimiza moradores e afeta serviços públicos. Ela também destacou que a operação descumpriu a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, que estabelece diretrizes para a segurança pública no estado.

A letalidade da operação foi comparada a uma “cena dantesca” pelo pesquisador Luís Flávio Sapori, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que critica o modelo de enfrentamento direto e violento adotado pela polícia do Rio de Janeiro. Ele relaciona essa abordagem à corrupção dentro da corporação e à naturalização da violência como recurso operacional.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado anunciou que irá investigar a operação, buscando esclarecimentos sobre os eventos que resultaram em tal número de mortos. Enquanto isso, a identificação dos corpos continua em andamento, com metade dos mortos já identificados até o momento. A operação também resultou em 113 prisões e na apreensão de armas e drogas, mas o impacto na comunidade e a eficácia a longo prazo são questionados por muitos.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)