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Lula critica guerra em Gaza e inércia na criação do Estado palestino

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à continuidade da guerra em Gaza e à resistência internacional em reconhecer a criação do Estado palestino, durante a cerimônia de recebimento do título de doutor “Honoris Causa” na Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya. Lula enfatizou que as comunidades universitárias globais têm denunciado a brutalidade do genocídio em Gaza e a inércia moral que impede ainda hoje a criação do Estado Palestino, destacando o papel dos jovens como lembranças vivas de que a paz é o valor mais precioso da humanidade.

Na sua fala, Lula condenou a utilização do aumento de tarifas comerciais como mecanismos de coerção internacional, ressaltando que nações que rejeitam colonialismos e a dicotomia da Guerra Fria não se deixarão intimidar por ameaças irresponsáveis. Sem citar diretamente Donald Trump, criticou as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, ressaltando a necessidade de respeito à soberania nacional.

Defensor fervoroso do multilateralismo, Lula ressaltou o papel do Sul Global — que reúne países da América Latina, Ásia e África com histórico de colonialismo e desigualdades econômicas — na busca pela justiça internacional e superação das desigualdades. Ele argumentou que o Conselho de Segurança da ONU precisa de maior representatividade para ser eficaz diante dos desafios contemporâneos, propondo uma reforma que promova diálogo, diplomacia e igualdade soberana entre as nações.

No aspecto econômico, o presidente apontou a disparidade no poder de voto no Fundo Monetário Internacional, onde os países ricos detêm nove vezes mais influência que o Sul Global, e criticou o protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio, que perpetuam uma assimetria insustentável. Lula defendeu que a estrutura financeira internacional deve ser reformulada para direcionar recursos ao desenvolvimento sustentável das nações emergentes, repudiando um modelo neoliberal que aprofunda desigualdades — ele destacou que, desde 2015, três mil bilionários acumularam ganhos superiores ao PIB combinado da ASEAN e do Brasil.

Ainda na Malásia, Lula participa até terça-feira de encontros com empresários locais e representantes do bloco do Sudeste Asiático. Uma reunião com o presidente dos Estados Unidos está prevista para discutir as tarifas impostas sobre produtos brasileiros, buscando soluções para o impasse comercial.

Ao longo do conflito em Gaza, Lula tem se posicionado firmemente contra o que chama de genocídio na região, denunciando o uso do sofrimento e da fome como armas de guerra e responsabilizando o premier israelense Benjamin Netanyahu pela escalada militar. Ele afirma que o direito à defesa não justifica a matança indiscriminada de civis, especialmente crianças, e reivindica o direito à autodeterminação do povo palestino, considerado essencial para a justiça internacional e para a restauração do multilateralismo.

A postura do presidente tem criado tensões diplomáticas entre Brasil e Israel, exacerbad as críticas internas e polarizando opiniões dentro do país, mas também reafirma o compromisso brasileiro com uma nova ordem internacional baseada na igualdade, no diálogo e no respeito mútuo das nações.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)