O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, neste domingo (23), que o Fórum Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) assuma papel de liderança global na governança da inteligência artificial, impulsionando um desenvolvimento justo e equitativo para as nações emergentes. Em discurso na 6ª Cúpula de Líderes do Ibas, realizada em Joanesburgo, na África do Sul, Lula enfatizou a necessidade de reinvigorarmos a coordenação trilateral do fórum, que esteve paralisada por anos, para ampliar diálogos sobre temas cruciais como trabalho decente, saúde, vacinas, além de direitos sexuais e reprodutivos. Segundo ele, Índia, Brasil e África do Sul têm a “vocação de conciliar soberania, autonomia, desenvolvimento, democracia e direitos humanos”, características que dão identidade própria ao Ibas no cenário internacional.
Lula ressaltou que a atuação conjunta desses países pode ser um exemplo para abordar os dilemas do trabalho e a participação social, apoiando-se em sindicatos e organizações não-governamentais para fortalecer o debate. Ele também defendeu que a agenda de saúde multilaterais, incluindo o acesso a medicamentos e vacinas, deve ser uma das prioridades do Ibas, que pode dialogar aberta e confiavelmente sobre direitos humanos e equidade de gênero. O presidente destacou a importância de combater o extremismo e promover a defesa da democracia como bases para essa cooperação.
O presidente manifestou a necessidade de retomar encontros periódicos de alto nível dos líderes do Ibas, que não ocorriam desde 2011, e afirmou que essa coordenação deve se refletir permanentemente em instâncias globais consolidadas, como as Nações Unidas, o G20 e o bloco dos Brics, do qual os países do Ibas também fazem parte. Lula propôs ainda uma reflexão profunda sobre o futuro do fórum e questionou a possibilidade de expandir o diálogo para incluir novas democracias do Sul Global, como México, Quênia e Malásia, sempre preservando a identidade e autonomia do Ibas, para que não fique à sombra do Brics.
Para ilustrar a vocação de cooperação Sul-Sul do fórum, citou o Fundo Ibas, que já financiou 51 projetos em 40 países e foi precursor da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada no G20, em que o Brasil teve papel de destaque. Durante sua participação na cúpula do G20 em Joanesburgo, Lula também abordou temas como crescimento econômico sustentável e inclusivo, mudança do clima, redução de riscos de desastres, minerais críticos e trabalho decente, reforçando a importância de governança soberana sobre recursos naturais e tecnologia.
A cúpula acontece no contexto da presidência da África do Sul no G20, sob o lema “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, e marca uma retomada do protagonismo dos países do Sul Global em temas estratégicos internacionais. Após os eventos em Joanesburgo, Lula segue para Moçambique para celebrar os 50 anos de relações diplomáticas com o país, reforçando a importância da cooperação entre os países do continente africano e o Brasil.
A expectativa do presidente é que o Ibas volte a ser um fórum ativo e influente na governança global, contribuindo de forma única para uma ordem mundial mais justa, democrática e inclusiva, capaz de responder aos desafios contemporâneos com diálogo aberto e confiança entre suas nações-membro.
