O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou apoio à soberania da Venezuela e de Cuba diante do aumento da pressão dos Estados Unidos contra os governos desses países, sem mencionar diretamente o ex-presidente Donald Trump. Em evento político no Distrito Federal, Lula afirmou que o Brasil jamais será a Venezuela, assim como a Venezuela jamais será o Brasil, ressaltando que cada povo deve decidir seu próprio destino, livre de interferências externas. Ele enfatizou que não cabe a nenhum presidente estrangeiro ditar os rumos políticos ou sociais de Venezuela ou Cuba.
Lula criticou também a inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo pelos EUA, defendendo que a ilha caribenha representa um exemplo de povo e dignidade, e não um exportador de terroristas. Essa postura ocorre em meio ao endurecimento do embargo econômico e financeiro imposto pelos EUA a Cuba, que remonta à década de 1960, e que tem se agravado com medidas adicionais no governo Trump, chegando a ameaçar países que contratam serviços médicos cubanos — uma das poucas fontes de receita da ilha, que enfrenta crise econômica e frequentes apagões.
No caso da Venezuela, o Brasil, alinhado com a maioria dos países latino-americanos, já havia expressado preocupação com a intensificação da movimentação militar dos EUA no Caribe, apresentada publicamente como combate ao tráfico de drogas. Contudo, especialistas e autoridades venezuelanas denunciam que tais ações são, na verdade, uma tentativa de mudança de regime, já que o país possui as maiores reservas de petróleo do planeta, conforme analistas consultados. Reportagens indicam que o Exército dos EUA teria realizado ataques a embarcações venezuelanas, resultando em dezenas de mortos, o que agrava a crise diplomática e motiva Caracas a levar a questão ao Conselho de Segurança da ONU.
A respeito dessas declarações, especialistas e parte da imprensa internacional têm criticado o presidente Lula por alinhar-se a governos tidos como autoritários, argumentando que essa postura pode enfraquecer a defesa dos direitos humanos e a busca por soluções para a crise humanitária venezuelana. Apesar das críticas, o governo brasileiro sinaliza a retomada das relações diplomáticas com a Venezuela, incluindo o envio de missão para reabrir a embaixada em Caracas, após o rompimento das relações durante o governo anterior. Neste contexto, um possível encontro entre Lula e Nicolás Maduro está sendo cogitado para eventos multilaterais regionais.
Essa confluência de posicionamentos revela o desafio que o Brasil enfrenta na política externa: equilibrar a defesa da soberania nacional e regional com as pressões geopolíticas internacionais, especialmente diante dos interesses estratégicos dos EUA na América Latina e dos dilemas provocados pelos regimes políticos de Venezuela e Cuba.
