O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua visita oficial a Jacarta, capital da Indonésia, defendeu a ampliação do uso de moedas locais para o comércio bilateral entre os dois países. Em duas ocasiões, Lula ressaltou que esse movimento busca não apenas facilitar as trocas comerciais, mas também fortalecer a autonomia econômica frente a dependências cambiais tradicionais. A primeira manifestação ocorreu em uma declaração à imprensa, quando o presidente destacou que sistemas de pagamento como o Pix brasileiro e o QRIS indonésio, por serem eficazes e acessíveis, podem servir de modelo para impulsionar o comércio em moedas locais, não só entre Brasil e Indonésia, mas também entre os países do grupo BRICS, do qual ambos fazem parte.
Ao lado do presidente indonésio Prabowo Subianto, Lula reforçou que essa estratégia está inserida em uma visão mais ampla do Brasil de diversificar parcerias comerciais e reduzir a dependência de moedas estrangeiras em transações internacionais. Ele apontou que o século XXI exige coragem para mudar antigas práticas comerciais e evitar unilateralismos que restrinjam o livre comércio, defendendo o multilateralismo. Segundo Lula, o Brasil e a Indonésia compartilham o interesse em permitir a comercialização nas suas próprias moedas, algo que ele considera uma liberdade que deveria ter sido adotada anteriormente. Em encontro com empresários, o presidente enfatizou a oposição dos dois países a medidas unilaterais e coercitivas que distorcem o comércio e destacou que o setor privado será fundamental para transformar a afinidade diplomática em prosperidade compartilhada, reforçando a parceria estratégica e de desenvolvimento justo entre Brasil e Indonésia.
Além do aspecto político e econômico, a escolha de sistemas de pagamento digitais como o Pix e o QRIS, que facilitam transações rápidas a partir da leitura de códigos QR, mostra um caminho tecnológico sustentável para impulsionar o comércio bilateral e regional. Esses sistemas também representam uma clareza contra protecionismos e barreiras comerciais, tema recente de tensão, como as investigações comerciais abertas pelos Estados Unidos relativas ao Pix brasileiro e ao QRIS indonésio. A cooperação entre Brasil e Indonésia nesse contexto sinaliza uma articulação para fortalecer a integração econômica do sul global, impulsionando um comércio mais livre, justo e eficiente.
