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Lula envia ministros para reunião com Castro na tarde desta quarta

No começo desta tarde de quarta-feira, 29 de outubro de 2025, o Palácio da Alvorada foi palco de uma reunião de emergência convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar da crise deflagrada após a Operação Contenção no Rio de Janeiro, considerada por especialistas e autoridades como a mais letal da história do estado. Participaram do encontro ministros de diferentes pastas, bem como integrantes do alto escalão do governo federal. O resultado imediato foi a decisão de despachar para o Rio uma comitiva ministerial liderada por Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública; Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e Cidadania; Anielle Franco, da Igualdade Racial; e Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal.

A operação, realizada na terça-feira, nos complexos do Alemão e da Penha, resultou em mais de 130 mortos, segundo levantamentos preliminares. A contagem dos corpos permanece incerta, pois muitos ainda estão sendo retirados de áreas de mata por moradores das comunidades. O ministro Ricardo Lewandowski afirmou, após a reunião presidencial, que peritos criminais e médicos legistas da Polícia Federal e da Força Nacional serão deslocados para auxiliar na identificação dos corpos.

Do lado do governo do estado, o governador Cláudio Castro declarou, em coletiva de imprensa pela manhã, considerar a operação “um sucesso”, ao mesmo tempo em que lamentou apenas as mortes de quatro policiais durante a ação. No entanto, parte da sociedade civil e especialistas em segurança pública criticam o saldo letal, argumentando que ações dessa dimensão não atingem o cerne do crime organizado e, ao contrário, podem aumentar a exposição da população a situações de violência extrema. Em retaliação à operação, grupos criminosos chegaram a interditarm mais de 30 ruas em diferentes pontos da cidade, com barricadas, veículos incendiados e bloqueios que paralisaram regiões inteiras.

Uma das principais demandas do governo do Rio, atendida na véspera pelo ministro Rui Costa, foi a transferência imediata de dez detentos apontados como líderes de facções criminosas para presídios federais de segurança máxima. A Secretaria Nacional de Políticas Penais confirmou o pedido, que agora aguarda apenas a formalização judicial para ser executado.

Em relação ao papel do governo federal, Ricardo Lewandowski esclareceu que o governador Cláudio Castro não solicitou, ao menos até o momento, a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), instrumento que autoriza o emprego das Forças Armadas em ações de segurança pública. Segundo o ministro, a decisão de decretar GLO só ocorreria mediante pedido formal do governador, decisão esta que caberia ao presidente da República.

O clima político, contudo, permanece tenso. Castro já havia afirmado, antes da reunião com os ministros federais, que o Rio de Janeiro “tem atuado sozinho no combate ao crime”, cobrando do governo federal maior integração e apoio financeiro. De outro lado, membros do governo federal criticam a postura do governador e defendem a aprovação da PEC da Segurança Pública no Congresso, medida que, segundo eles, fortaleceria o combate ao crime organizado em âmbito nacional.

A crise expõe, assim, não apenas a complexidade do cenário de segurança pública nas grandes cidades brasileiras, mas também o embate político entre esferas de governo, enquanto a população fluminense convive com as consequências diretas de uma operação cujos efeitos ainda estão longe de ser completamente mensurados. O encontro entre os ministros e o governador, marcado para esta tarde, tem como objetivo avaliar medidas de apoio do governo federal e definir uma estratégia conjunta diante de um dos episódios mais violentos da história recente do Rio de Janeiro.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)