O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se pela primeira vez com o papa Leão XIV nesta segunda-feira, 13 de outubro, na Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano. A conversa, que durou cerca de 30 minutos, reuniu o chefe da Igreja Católica e o líder brasileiro em um diálogo franco sobre fé, religião, o Brasil e os principais desafios que afligem a humanidade no momento presente. Lula, em suas redes sociais, destacou a importância do encontro e o tom da conversa, marcada pela troca de perspectivas sobre a necessidade de combater a desigualdade e de aproximar a fé das ações concretas em defesa dos mais pobres.
Logo no início do encontro, Lula parabenizou o papa pela publicação da Exortação Apostólica “Dilexi Te”, documento que reforça a centralidade do amor pelos pobres na vida da Igreja e de cada cristão. O texto, assinado por Leão XIV em 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, é visto como um marco de continuidade com o pontificado anterior, ao mesmo tempo em que lança novos desafios para a comunidade católica. Lula afirmou considerar o documento uma referência a ser lida e praticada por todos, e defendeu a criação de um “movimento de indignação” contra a desigualdade social e econômica no mundo.
O presidente brasileiro também ressaltou sua ligação com importantes religiosos nacionais, como dom Paulo Evaristo Arns, dom Hélder Câmara, dom Luciano Mendes de Almeida, Pedro Casaldáliga e o atual presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, sublinhando o papel histórico da Igreja Católica no país. Lula ainda aproveitou para conversar com o pontífice sobre o avanço brasileiro no combate à fome, afirmando que, pela segunda vez, o país saiu do Mapa da Fome nos últimos dois anos e meio, e que, agora, essa experiência está sendo levada ao mundo por meio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Sobre as grandes conferências globais, Lula convidou Leão XIV para participar da COP30, que acontece em novembro de 2025 em Belém, no coração da Amazônia. O papa, no entanto, diante das obrigações do Jubileu, informou que não poderá comparecer pessoalmente, mas garantiu a presença de representantes do Vaticano no evento. O presidente brasileiro ainda mencionou a possível visita do papa ao Brasil em data a ser definida, manifestando a alegria do país em recebê-lo com carinho e fé.
No encerramento de seu relato, Lula destacou a importância da fé popular brasileira, lembrando da grandiosa manifestação ocorrida no Círio de Nazaré e das celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. O encontro, além de reforçar os laços entre o Estado brasileiro e a Igreja Católica, trouxe à tona temas urgentes para a humanidade, como justiça social, proteção dos mais vulneráveis e a necessidade de ações concretas diante das crises globais.
Acompanharam o presidente brasileiro no Vaticano a primeira-dama Janja da Silva e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias (Dessenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura, demonstrando o peso que o governo atribui a esse diálogo com o Vaticano e à construção de pontes internacionais para a promoção da justiça e da dignidade humana.
