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Mais brincadeira, menos tela: confira dicas para uma infância saudável

No cenário atual, marcado pelo avanço da internet, redes sociais e dispositivos móveis, a infância sofre transformações profundas, sobretudo no que diz respeito ao tempo dedicado às brincadeiras e ao convívio familiar. A crescente presença das telas na vida das crianças tem gerado um distanciamento das atividades ao ar livre e das interações presenciais, fenômeno que preocupa especialistas da área da saúde e da educação. A partir de sua experiência clínica de quase três décadas, a pediatra Renata Aniceto, da Sociedade Brasileira de Pediatria, ressalta que além da alimentação saudável e vacinação, o tempo de qualidade entre pais e filhos deve ser encarado como uma prescrição médica nos dias de hoje. Ela destaca a importância das brincadeiras em parques, de jogos tradicionais e do convívio doméstico para fortalecer vínculos e estimular o desenvolvimento infantil, especialmente considerando que a atual geração de pais encontra dificuldade em aproveitar momentos lúdicos com os filhos por já estarem imersos nas telas desde cedo.

O impacto do uso excessivo de celulares, tablets e outros dispositivos móveis vai além da perda do contato humano; contribui para o aumento de casos de ansiedade, depressão e dificuldades cognitivas, como déficit de atenção, memória e resolução de problemas. Além disso, a falta de movimento físico, característica da vida sedentária proporcionada pelas telas, eleva o risco de obesidade infantil. Em consonância com essas preocupações, a Sociedade Brasileira de Pediatria atualizou suas orientações sobre o tempo máximo recomendado de exposição às telas para crianças e adolescentes, estabelecendo limites que variam de zero para menores de 2 anos até 2 a 3 horas diárias para adolescentes.

A importância das brincadeiras livres e presenciais, especialmente ao ar livre, é reforçada por especialistas em psicologia e educação. Atividades que envolvem o jogo e o contato com a natureza estimulam a criatividade, melhoram o desenvolvimento motor e cognitivo, fortalecem os vínculos afetivos e proporcionam melhorias significativas na saúde física e emocional das crianças. O contato com ambientes naturais ainda promove a produção de vitamina D, essencial para o desenvolvimento ósseo e imunológico, além de contribuir para a qualidade do sono e a prevenção de transtornos psicológicos, como ansiedade e déficit de atenção. O estímulo à autonomia e à aprendizagem por meio de experiências lúdicas fora de casa beneficia o desenvolvimento integral da criança e amplia seu repertório cultural.

O sono, outro pilar fundamental para o crescimento infantil, também é prejudicado pela exposição prolongada às telas, principalmente à noite, quando a luz emitida por esses dispositivos inibe a produção de melatonina, dificultando o início e a manutenção do sono. Esse prejuízo ao descanso impacta diretamente nos processos de fixação do aprendizado e regulação hormonal, essenciais para o crescimento e o equilíbrio do apetite.

Além das vagas recreativas, a leitura é apontada como um instrumento valioso para afastar a criança das telas e promover o desenvolvimento socioemocional e cognitivo. Incentivar a participação da criança no preparo dos alimentos e a adoção de uma alimentação saudável, baseada em alimentos minimamente processados desde os primeiros anos de vida, complementa as práticas que favorecem uma infância mais saudável e equilibrada, prevenindo futuros riscos de doenças crônicas.

Em resumo, especialistas concordam que resgatar o tempo de brincadeiras ao ar livre, o diálogo respeitoso entre pais e filhos e hábitos saudáveis de sono e alimentação são estratégias fundamentais para reverter o quadro de hiperconectividade e suas consequências negativas, garantindo o desenvolvimento integral e o bem-estar das crianças na contemporaneidade.