No sábado, 22 de novembro de 2025, foi realizada no Rio de Janeiro a 4ª Marcha Trans & Travesti, com o tema “Independência não Morte”, nos Arcos da Lapa. O evento teve como objetivo principal denunciar a violência sistemática que pessoas trans e travestis enfrentam no Brasil — país que, pelo 16º ano consecutivo, lidera o número de assassinatos dessa população no mundo. A marcha reivindica o fim dessa violência e a garantia de direitos para uma comunidade que sofre diariamente com transfobia, racismo e exclusão social.
Durante a concentração, houve a montagem de um posto da Defensoria Pública para retificação civil de nomes, um serviço fundamental para o reconhecimento da identidade de gênero. A transexual Karyn Cruz destacou a importância desses espaços, que proporcionam protagonismo e reafirmam a inserção social das pessoas trans. A presença da atriz travesti Frida Resende também emocionou os presentes, reafirmando o orgulho e a resistência: “Estar na marcha é afirmar a minha liberdade”, declarou.
Os dados que embasam a mobilização são alarmantes. Em 2024, foram registradas 122 mortes de pessoas trans e travestis no Brasil, a grande maioria mulheres trans negras e pardas, com idade média das vítimas em torno dos 32 anos. Grande parte desses assassinatos ocorreu em espaços públicos, com requintes de crueldade, e frequentemente por arma de fogo ou faca. A população trans tem uma estimativa de vida de apenas 35 anos, em contrapartida com a média nacional de mais de 75 anos, revelando o índice assustador de vulnerabilidade e violência que enfrentam.
Esse cenário reflete uma conjunção perversa de transfobia, racismo estrutural, misoginia e alta precarização social, que mantém o Brasil como o país mais letal para pessoas trans e travestis. Segundo o relatório Trans Murder Monitoring 2025, o Brasil responde por cerca de 30% dos assassinatos globais desse grupo, número que não diminui adequadamente devido à subnotificação, estigma e invisibilidade tão frequentes em casos de violência contra essa população.
Além das manifestações, ações concretas foram oferecidas, como testagem rápida para infecções sexualmente transmissíveis, emissão gratuita de documentos para casamentos e uniões estáveis, buscando ampliar o acesso a direitos e serviços básicos. O coordenador-geral da marcha, Gab Van, denunciou que os corpos trans são alvos da extrema-direita, que nega sua existência e financia a transfobia com recursos bilionários.
A 4ª Marcha Trans & Travesti no Rio de Janeiro reafirma a urgência de políticas públicas eficazes para garantir a segurança, a dignidade e os direitos dessa população, combatendo o genocídio trans que persiste no país. O protesto reuniu pessoas de diversas identidades e expressões, colocando a vida e a resistência no centro do debate social, em busca de liberdade e respeito para todos.

