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Mata Atlântica perde 2,4 milhões de hectares em 40 anos

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados e importantes do Brasil, perdeu 2,4 milhões de hectares de floresta nas últimas quatro décadas, o que representa uma redução de 8,1% da área registrada em 1985. Atualmente, o bioma mantém apenas 31% de sua vegetação natural, consolidando-se como o mais degradado do país. Metade do desmatamento recente ocorre sobre florestas maduras com mais de 40 anos, que são cruciais para a manutenção da biodiversidade, o armazenamento de carbono e os serviços ecossistêmicos prestados pela floresta.

Desde o início da colonização, a vegetação da Mata Atlântica foi progressivamente suprimida para dar lugar a atividades humanas. Em 1985, quando começou a série histórica analisada pelo MapBiomas, restavam apenas 27% das áreas florestais originais do bioma. A dinâmica do desmatamento variou ao longo dessas quatro décadas, e após a promulgação da Lei da Mata Atlântica, observou-se até um leve aumento nas áreas florestadas, resultado de políticas públicas que incentivam a conservação e a recuperação do bioma.

O estudo evidencia que, apesar da desaceleração do desmatamento nos últimos anos, a média anual dos últimos cinco anos ainda aponta uma perda significativa, de cerca de 190 mil hectares por ano. A agricultura moderna é a principal responsável por essa transformação da paisagem, com a área destinada ao cultivo quase dobrando desde 1985, representando hoje um terço da produção nacional dentro do bioma. Cultivos como soja, cana-de-açúcar e café cresceram expressivamente, enquanto as pastagens diminuíram em 8,5 milhões de hectares no mesmo período. Além do avanço agrícola, a silvicultura comercial cresceu consideravelmente, quintuplicando sua área e tornando-se a principal atividade econômica. O crescimento urbano também teve destaque, com a área urbana dentro da Mata Atlântica dobrando desde 1985, afetando 77% dos municípios do bioma.

Embora exista uma impressionante capacidade de regeneração natural da Mata Atlântica – entre 1993 e 2022, quase 5 milhões de hectares passaram por processos de recuperação – essa recuperação nem sempre é duradoura. Grande parte das áreas reconstituídas volta a ser desmatada, resultado da pressão contínua por atividades econômicas. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo apresentam até um saldo positivo de cobertura florestal, mas a situação geral ainda é marcada pela perda líquida de áreas florestais.

Diante desse cenário, o Governo Federal lançou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas na Mata Atlântica (PPMata Atlântica) para o período de 2025 a 2027. O plano busca promover a sociobioeconomia, fortalecer a fiscalização e o monitoramento ambiental, ordenar o uso do território e garantir a aplicação da legislação ambiental. Entre os objetivos estão o uso sustentável dos recursos naturais, a restauração de áreas degradadas e o combate eficaz ao desmatamento ilegal e às queimadas.

A Mata Atlântica continua sendo um bioma fundamental para a biodiversidade brasileira e global, com sua conservação essencial para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e para a manutenção de serviços ecológicos vitais. A combinação de políticas públicas, fiscalização rigorosa e práticas agrícolas sustentáveis é crucial para reverter o quadro de perda contínua e promover a restauração desse importante patrimônio natural.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)