A Polícia Federal (PF) está investigando o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena Filho (PP), por suspeitas de envolvimento com uma facção criminosa, especificamente a organização conhecida como “Nova Okaida” (OKD), durante as eleições municipais de 2024. A apuração, que teve início na Operação Território Livre, deflagrada pela PF em setembro do ano passado, apontou indícios de uma influência mútua entre grupos criminosos e o processo eleitoral na capital paraibana. As informações foram veiculadas no Portal Metrópoles, de envergadura nacional.
Segundo o jornalista Tácio Lorran, que assina a matéria, as investigações giram em torno do esquema de influência que teria envolvido coação eleitoral, pressão sobre eleitores e uma infiltração do crime organizado, em especial o tráfico de drogas, na estrutura administrativa e eleitoral de João Pessoa. Estas ações teriam resultado na garantia de apoio político à chapa do então candidato à reeleição, Cícero Lucena, que conquistou o mandato com mais de 258 mil votos, cerca de 64% dos votos válidos, além de declarar gastar aproximadamente R$ 5,1 milhões na campanha.
As investigações também apontam como uma peça central na articulação com a facção criminosa e uma principal interlocutora nas negociações ilícitas durante o período eleitoral, a primeira-dama do município, Maria Lauremília Assis de Lucena. A relação envolvia a troca de apoio eleitoral por benefícios como nomeações em cargos públicos e controle territorial, além de outros privilégios administrativos. Mesmo sem contato direto com membros da facção, o prefeito supostamente delegava a ela essas negociações, mantendo sob sua supervisão as tratativas, conforme comunicações interceptadas e documentos apreendidos na residência oficial do prefeito, que também é o endereço de Maria Lauremília.
A investigação indicou que Cícero Lucena seria o “mandante e verdadeiro autor intelectual” do esquema, sendo o principal beneficiário político do controle eleitoral articulado com a facção. Os elementos coletados sugerem uma estrutura criminosa sofisticada com atuação interestadual, levando a Polícia Federal a solicitar o envio do caso ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) devido ao foro por prerrogativa de função do prefeito.
A defesa do prefeito e da primeira-dama divulgou nota afirmando que “não há qualquer denúncia, acusação formal ou decisão judicial que aponte vínculo do casal com organização criminosa,” ressaltando a colaboração com as autoridades e a postura de transparência do casal.
