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Milton Nascimento ganha mural de 300 m² no Rio de Janeiro

O bairro da Lapa, na zona central do Rio de Janeiro, ganhou nesta quinta-feira um imenso mural de 300 metros quadrados retratando o cantor e compositor Milton Nascimento. Carioca de origem e mineiro de coração, o artista conhecido como “Bituca”, com 83 anos, é um dos maiores nomes da música brasileira, e a obra celebra sua trajetória em um ponto icônico da cidade.

A pintura ocupa parte da lateral do prédio da Associação Cristã de Moços (ACM), no número 86 da Rua da Lapa, visível a partir da Praça Cardeal Câmara, bem em frente aos Arcos da Lapa. Ali, o novo mural se une a um painel anterior de Pixinguinha, outro gigante da música brasileira, criado em 2021, formando um diálogo visual entre ícones da MPB em um dos redutos boêmios da capital fluminense.

Responsável pela criação, a artista visual brasiliense Gugie Cavalcanti selecionou uma imagem de Milton extraída de um documentário antigo, capturando o músico em um momento íntimo e humano. “Ele está ali, conversando com os amigos, descontraído. Ele está olhando para as pessoas com carinho, admiração, uma certa timidez, mas à vontade”, descreveu a artista, que já produziu 15 murais de personalidades negras em cidades de todas as regiões do Brasil.

A iniciativa partiu da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Igualdade Racial (SEDHIR) do Rio de Janeiro, integrando as ações antirracistas da campanha Novembro Negro. Para Edson Santos, titular da pasta na Prefeitura do Rio, a homenagem carrega um viés político e afetivo. “O Milton faz parte da nossa formação. Como diria o Nelson Cavaquinho, a gente tem que entregar ‘as flores em vida’”, afirmou.

O evento de inauguração contou com a presença de Augusto Nascimento, filho do cantor e empresário, que expressou gratidão pela distinção. Em outubro, Augusto havia divulgado nas redes sociais o diagnóstico de demência por corpos de Lewy sofrido pelo pai. “É muito legal que as pessoas façam esse reconhecimento e deem esse carinho”, disse ele, destacando a simbologia da localização. A Lapa abriga casas como a Fundição Progresso e o Circo Voador, palcos onde Milton se apresentou diversas vezes, reforçando laços profundos com o bairro.

A escolha do prédio da ACM para o mural adiciona camadas à celebração. Fundada em 1893 no Rio de Janeiro como a primeira unidade da organização na América do Sul, a instituição centenária promove valores de formação moral, intelectual e física, inspirados no modelo criado em Londres em 1844 por George Williams. Hoje, o edifício na Rua da Lapa se torna não só um marco arquitetônico, mas um testemunho vivo da interseção entre cultura, história e resistência no coração da cidade.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

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