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Morre aos 79 anos o advogado Sergio Bermudes, que atuou no caso Herzog

O advogado Sergio Bermudes faleceu aos 79 anos, nesta segunda-feira (27), vítima de sepse respiratória decorrente de complicações da covid-19, após um longo período de internação. Reconhecido como um dos nomes mais influentes da advocacia brasileira, Bermudes deixou um legado marcado pela excelência técnica, magistério e defesa de causas emblemáticas em prol da democracia e dos direitos humanos.

Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, em 1946, Bermudes graduou-se em direito pela Universidade do Estado da Guanabara em 1969 e obteve doutorado em história do processo romano, canônico e lusitano pela Universidade de São Paulo. Ainda no ano da graduação, fundou o escritório Sergio Bermudes Advogados, que cresceu e se consolidou como referência nacional no contencioso e arbitragem, com sedes no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, contando com mais de 130 advogados.

Sua carreira foi marcada pela defesa de causas históricas e de grande relevância social. Entre os casos mais notórios está o processo movido por Clarice Herzog, viúva do jornalista Vladimir Herzog, morto sob custódia militar durante a ditadura. Em uma decisão paradigmática, o Judiciário reconheceu oficialmente pela primeira vez que Herzog fora assassinado enquanto estava sob a custódia do Exército, um marco na Justiça brasileira e na luta pelos direitos humanos.

Além disso, Bermudes participou da batalha jurídica que envolveu a disputa dos poupadores contra instituições financeiras sobre a correta remuneração das cadernetas de poupança durante os planos econômicos das décadas de 1980 e 1990, um conflito que só foi encerrado com um acordo em 2017.

No âmbito acadêmico, Sergio Bermudes dedicou parte significativa de sua vida ao magistério, lecionando direito processual civil na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro desde 1978, além de atuar em outras instituições. Intelectual respeitado, ele também participou da comissão de juristas responsável pela reforma do Código de Processo Civil.

O Instituto dos Advogados Brasileiros, ao que Bermudes pertencia há quase quatro décadas, manifestou profundo pesar pela sua morte, destacando sua contribuição exemplar ao fortalecimento das instituições democráticas. A Ordem dos Advogados do Brasil decretou luto oficial de três dias em sua homenagem, reconhecendo seu talento, coragem e rigor técnico que honraram a advocacia nacional.

Bermudes deixa uma trajetória de dedicação à justiça, ao ensino jurídico e à defesa dos direitos humanos, sendo lembrado como um gigante do direito que moldou o contencioso brasileiro e seu sistema jurídico.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)