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Mortes em Terra Yanomami caem 27,6% desde declaração de emergência

# Mortalidade na Terra Yanomami cai 27,6% desde declaração de emergência sanitária

Desde janeiro de 2023, quando foi declarada emergência em saúde pública de importância nacional para combate à desassistência sanitária de povos que vivem no território indígena Yanomami, em Roraima, a mortalidade na região caiu 27,6%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Ministério da Saúde e revelam uma transformação significativa no cenário de saúde do território após anos de abandono e omissão que resultaram em uma crise sanitária e nutricional sem precedentes.

Entre o primeiro semestre de 2023 e o primeiro semestre de 2025, as mortes por malária diminuíram 70%, enquanto as por desnutrição caíram 70,6% e as por infecções respiratórias tiveram redução de 40,8%. Especificamente, as mortes por malária caíram de dez entre janeiro e junho de 2023 para apenas três no mesmo período de 2025. No que se refere à desnutrição, o quadro também melhorou substantially, com o percentual de crianças com peso adequado aumentando de 47% em 2023 para 49,7% em 2025, enquanto a proporção de crianças com muito baixo peso caiu de 24,5% para 19,8% entre 2024 e 2025.

Para o Ministério da Saúde, esses resultados refletem o aumento no número de profissionais de saúde, o fortalecimento da capacidade de resposta local das equipes e a ampliação da vacinação e do acompanhamento nutricional na região. O investimento foi considerável: desde 2023, mais de R$ 596 milhões foram investidos na recuperação e melhoria da infraestrutura dos estabelecimentos de saúde indígena no território.

O crescimento no número de profissionais de saúde atuando no território foi extraordinário. Atualmente, a Terra Yanomami conta com 1.855 profissionais de saúde, um aumento de 169% em relação ao início de 2023, quando o contingente somava 690. O número de médicos saltou de seis para 63 no mesmo período, refletindo um esforço significativo para melhorar a assistência à saúde. Entre esses profissionais estão agentes de combate a endemias, agentes indígenas de saúde, enfermeiros, médicos especialistas, biólogos e profissionais de outras 32 áreas.

A ampliação dos atendimentos também foi expressiva. Os atendimentos à população passaram de 441 mil no primeiro semestre de 2023 para mais de 470 mil no mesmo período de 2025, incluindo equipes que atuam diretamente no território e também na Casa de Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista. Os atendimentos médicos especificamente cresceram de 8.341 para 19.184 no mesmo período, representando um aumento de 130% na capacidade de atendimento.

Outro indicador importante de melhoria foi a redução nas remoções de urgência e emergência, que caíram 25%, passando de 1.817 casos em 2024 para 1.364 em 2025. Simultaneamente, as remoções eletivas aumentaram de 231 para 447, indicando um planejamento assistencial mais eficaz e menor necessidade de deslocamentos imediatos para hospitais de referência. Esse resultado reflete maior capacidade de resposta local das equipes de saúde e fortalecimento da atenção primária, com melhor organização dos fluxos assistenciais e maior resolutividade dos casos no território.

Na área de infraestrutura, o governo abriu seis novas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e reativou sete Polos Base. Atualmente, são 77 unidades de saúde distribuídas por todo o território, sendo 40 UBSI e 37 Polos Base, todos em funcionamento. Além disso, foram criados três novos Centros de Recuperação Nutricional e implantadas ações de fortificação da alimentação infantil em 21 locais de atendimento de saúde dentro do território.

A vacinação apresentou avanços significativos na consolidação do desempenho vacinal. Houve um aumento de 59,5% no número de doses aplicadas no primeiro semestre de 2024 quando comparado a 2023, mantendo-se estável em 2025. O percentual de crianças menores de um ano com esquema vacinal completo subiu de 32,2% em 2023 para 57,8% em 2025, indicando uma trajetória ascendente seguida de estabilização na cobertura vacinal do território.

Os atendimentos relacionados a infecções respiratórias agudas também aumentaram significativamente, passando de 3.100 para 13.176 atendimentos no primeiro semestre de 2025 em comparação com 2023, um crescimento de 325%. Esse aumento reflete tanto a maior capacidade de detecção de casos quanto o acesso melhorado aos serviços de saúde pelas comunidades indígenas.

Os dados publicados demonstram que, apesar dos desafios persistentes, as ações de combate a atividades criminosas, melhoria da infraestrutura de assistência em saúde e fortalecimento das equipes locais reverteram significativamente o quadro de desassistência que caracterizava o território. Com a retirada dos invasores garimpeiros, as comunidades retomaram seus roçados e os rios começaram a se recuperar, enquanto o governo fortalece a autonomia produtiva e as cadeias de alimentos saudáveis dos indígenas. A consolidação desses ganhos será fundamental para garantir a sustentabilidade das melhorias conquistadas nos próximos anos.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)