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Motta elogia servidora alvo da PF e diz que Dino não aponta desvio

**Hugo Motta defende servidora Mariângela Fialek após operação da PF no esquema do “orçamento secreto”**

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), saiu em defesa pública da servidora Mariângela Fialek, conhecida como “Tuca”, alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal na sexta-feira (12). Ex-assessora do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), ela é investigada por suposta participação na operacionalização de emendas parlamentares do chamado “orçamento secreto”, um esquema de destinação de verbas públicas sem identificação clara dos indicantes ou beneficiários finais.

Em nota divulgada na noite de ontem, Motta descreveu Fialek como uma “técnica competente, responsável e comprometida com a boa gestão da coisa pública”, destacando sua experiência reconhecida por órgãos do Legislativo e Executivo que lidam com o orçamento federal. Ele enfatizou que a servidora foi fundamental no aprimoramento dos sistemas de rastreabilidade para proposição, indicação e execução de emendas parlamentares, e defendeu que a Câmara respeita as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), mas não encontrou na autorização judicial “nenhum ato de desvio de verbas públicas. Nenhum”.

As investigações, autorizadas pelo ministro Flávio Dino, relator de ações no STF que vedaram práticas do orçamento secreto e exigiram transparência total até os destinatários finais dos recursos, tiveram início com depoimentos de seis parlamentares e uma servidora da Câmara. Entre os depoentes estão os deputados Glauber Braga (Psol-RJ), José Rocha (União-BA), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União-SP), Dr. Francisco (PT-PI) e o senador Cleitinho (Republicanos-MG). Eles relataram que Tuca encaminhava ofícios da Presidência da Câmara a comissões, ordenando a liberação de emendas, especialmente para Alagoas, estado de Lira.

Atualmente lotada no gabinete da presidência do PP na Câmara, Fialek já teve seu sigilo telemático quebrado anteriormente. A PF justificou as buscas recentes pela ausência de mensagens salvas em aparelhos ou nuvens, apesar de indícios de crimes, apontando “concreta possibilidade” de que ela tenha mantido dados sensíveis em meios físicos, como papéis e máquinas, para evitar backups. Dino destacou em sua decisão uma “atuação contínua, sistemática e estruturada” na organização do esquema, reforçando suspeitas de “redirecionamento forçado” de emendas por Lira.

Relatórios parciais da PF revelam que, desde 2020, Tuca ocupou cargos estratégicos em empresas públicas e no Legislativo, sempre indicada por Lira, permitindo manipular o direcionamento de recursos. Investigadores encontraram uma anotação manual que coincide com realocações de emendas entre municípios, criticando o “incomum desapego à formalidade” no Orçamento da União. “Uma anotação à mão, realizada de maneira rudimentar, foi responsável pela realocação de recursos de um Município para outro. Lamentavelmente, não há como não comparar a maneira de controlar e organizar o orçamento secreto coordenado por Tuca a uma ‘conta de padaria'”, escreveram os agentes.

Motta, por sua vez, argumentou que é essencial não confundir a mera indicação de emendas parlamentares – que não são impositivas – com sua execução final pelos destinatários. Ele ponderou que a correta aplicação de recursos, incluindo emendas e transferências do Executivo, deve ser fiscalizada rigorosamente pelos órgãos de controle, e reiterou que a Câmara, em parceria com outros poderes, tem aprimorado a transparência. A servidora, por meio de seus advogados, negou irregularidades, afirmando ter atuado de forma técnica, apartidária e impessoal, com todos os materiais públicos e disponíveis no Portal da Transparência, conforme determinação do STF.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

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