A Polícia Federal aponta R$ 28,638 milhões em movimentações suspeitas vinculadas a assessores e pessoas próximas aos deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ), e deflagrou a Operação Galho Fraco nesta sexta-feira com mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal[5]. Segundo o relatório parcial da PF, cerca de R$ 400 mil em dinheiro foram apreendidos em um dos endereços de Sóstenes, que é líder do PL na Câmara[1][5]. Nesta fase da investigação foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, incluindo diligências pessoais, veiculares e em imóveis ligados aos dois parlamentares[1][5].
A apuração da PF, cujo sigilo do relatório parcial foi levantado pelo relator no STF, indica indícios de que locadoras de veículos de fachada teriam sido usadas para desviar verbas da cota parlamentar — recurso destinado ao funcionamento dos gabinetes, como o aluguel de frota para deslocamento[5]. O relatório chama atenção para uma modalidade de movimentação financeira compatível com “smurfing”, em que saques são realizados em valores inferiores a R$ 9.999,00 para tentar evitar o monitoramento das autoridades[5].
Os maiores volumes de movimentação detectados partiram de contas de assessores: Adailton Oliveira dos Santos, identificado como assessor especial do PL, teve mais de R$ 11,4 milhões transitando por sua conta entre 2023 e 2024, montante que a PF considera incompatível com sua renda declarada e seu vínculo funcional[5]. Itamar de Souza Santana, secretário parlamentar de Jordy, movimentou cerca de R$ 5,9 milhões e também foi alvo de diligências nesta etapa[5]. Os investigadores apontam indícios de uso da cota parlamentar para pagamento de despesas inexistentes ou irregulares e anexaram trechos de conversas por aplicativo que sugerem pagamentos “por fora” envolvendo os deputados[5].
Além das buscas, o ministro Flávio Dino autorizou a quebra de sigilo telefônico, telemático e bancário dos parlamentares e de outras 12 pessoas físicas e uma pessoa jurídica, com determinação para que eventuais informações de interesse sejam compartilhadas com a Receita Federal[5]. A Procuradoria-Geral da República deu aval para a operação nesta etapa, que ampliou o escopo das investigações diante de novas provas reunidas pela PF[1][5].
Nas redes sociais, Carlos Jordy afirmou que está sendo perseguido por Flávio Dino e negou a existência de qualquer esquema ilegal, lamentando que a ação tenha ocorrido no dia do aniversário de sua filha[5]. A Agência Brasil informou que buscava contato com Sóstenes Cavalcante ou sua defesa no momento da publicação[5].

