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Movimentos sociais no Maranhão fazem ato contra violência policial

Movimentos sociais do Maranhão realizam nesta sexta-feira (31) um protesto contra a violência policial em todo o país. A manifestação, que integra um ato nacional, ocorre em São Luís a partir das 16h, na Praça Deodoro, e toma como ponto central a Operação Contenção, realizada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais. A ação é considerada a mais letal já registrada no estado.

A convocação do protesto é feita pela Frente Negra Revolucionária, Movimento Correnteza Maranhão e União Popular Maranhão, que denunciam sinais de execução entre as vítimas da operação. Em nota, os movimentos afirmam que pelo menos 74 corpos foram retirados pelos próprios moradores das ruas e áreas de mata. Além disso, dezenas de pessoas ficaram feridas, entre elas um mototaxista, uma mulher que estava em uma academia e uma pessoa em situação de rua. Para os organizadores, o episódio representa a continuidade de uma política de extermínio contra as populações periféricas, que vivem em clima de guerra.

A Operação Contenção foi realizada por cerca de 2.500 agentes policiais e cumpriu apenas 20 dos 100 mandados de prisão previstos. Pelo menos 15 dos alvos foram mortos durante a ação. O principal procurado, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontado como chefe do Comando Vermelho, permanece foragido. Ao todo, 113 pessoas foram presas, sendo que parte das prisões ocorreu em flagrante e todas foram mantidas após audiência de custódia.

O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro já identificou 100 das 121 vítimas. Todos os corpos passaram por necropsia, mas os laudos devem ser divulgados em até 15 dias úteis. Dos 117 civis mortos, 89 já foram liberados para as famílias, que relatam demora na liberação e falta de informações durante o processo.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, classificou a operação como um sucesso, o que gerou críticas de diversas organizações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, que considerou a ação “desastrosa”. Na quarta-feira (29), moradores dos Complexos do Alemão e da Penha protestaram em frente ao Palácio Guanabara, acusando o governo fluminense de liderar uma “carnificina”.

Especialistas e organizações afirmam que megaoperações policiais como essa não reduzem o poder do crime organizado e geram riscos de abuso e violações dos direitos humanos. Peritos da ONU pediram uma investigação independente sobre a operação, destacando relatos de invasões domiciliares, prisões arbitrárias e uso de helicópteros e drones para disparar projéteis. Eles afirmam que esses atos podem constituir homicídios ilegais e devem ser investigados de forma imediata, independente e minuciosa.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)