A Operação Contenção, realizada na terça-feira, 28 de outubro, nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, deixou um saldo devastador: ao menos 132 mortos, de acordo com estimativas que incluem corpos encontrados por moradores em áreas de mata. A ação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes de segurança com o objetivo de capturar lideranças do Comando Vermelho e conter a expansão territorial dessa facção criminosa. No entanto, a operação foi recebida com críticas duras por parte de várias entidades, que apontam para a violência excessiva e a falta de respeito aos direitos humanos.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) repudiou a operação, destacando a necessidade de uma investigação independente e a adoção de políticas de segurança pública que priorizem a vida e os direitos humanos. A CUT também expressou solidariedade às vítimas e suas famílias, denunciando a transformação de comunidades em “zonas de guerra” e exigindo o fim das operações letais.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) está acompanhando os desdobramentos da operação por meio do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP/MPRJ). O MPRJ busca garantir que as operações respeitem as diretrizes estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADPF 635, que disciplina a realização de ações policiais em comunidades do Estado. A ADPF é um instrumento crucial para proteger direitos fundamentais e evitar violações constitucionais.
Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União enviaram ofício ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, solicitando explicações detalhadas sobre a operação. Eles exigem informações sobre a justificativa formal da operação, a atuação de órgãos periciais, e o cumprimento das determinações do STF. A Comissão de Direitos Humanos do Senado também anunciou que irá investigar a operação, buscando informações do governo estadual.
A operação não apenas atraiu a atenção nacional, mas também gerou reações no âmbito internacional. O alto número de mortos e as denúncias de violência excessiva reforçam a urgência de uma revisão das políticas de segurança pública no Brasil, priorizando a proteção dos direitos humanos e a segurança das comunidades.

