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Mulher de ex-procurador-geral do INSS fica em silêncio na CPMI

A médica e empresária Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, permaneceu em silêncio durante quase todo o seu depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, realizado em 23 de outubro de 2025. Amparada por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, ela fez uso do direito de não responder perguntas que pudessem levá-la à autoincriminação. Thaisa é investigada por supostamente atuar como “laranja” no esquema de desvio de recursos de aposentados e pensionistas, operado em benefício próprio e do marido.

As investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União indicam que empresas registradas em nome de Thaisa, como Curitiba Consultoria, Centro Médico Vitacare e THJ Consultoria, movimentaram ao menos R$ 18 milhões oriundos do esquema, dos quais cerca de R$ 11 milhões vieram do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Este lobista é apontado como uma figura central na fraude que pode ter movimentado cerca de R$ 2 bilhões, envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários. O esquema consistia em falsificar autorizações de idosos para que serviços de associações e sindicatos fossem cobrados mensalmente e descontados automaticamente das aposentadorias e pensões.

Durante o depoimento, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, criticou o silêncio da empresária, destacando que esta perdeu a oportunidade de provar que não recebeu propina para o marido. Ele também questionou a origem dos valores movimentados pelas empresas de Thaisa e pelos imóveis de alto valor do casal, enfatizando a necessidade de identificar todos os envolvidos no escândalo. Parlamentares da comissão avaliaram que a empresária pode ter sido usada para “lavar” os recursos ilícitos. A defesa de Thaisa prometeu apresentar documentos para acompanhamento das investigações, mas ela manteve-se calada no plenário, o que gerou irritação entre os membros da CPMI.

O ex-procurador-geral do INSS, Virgílio de Oliveira Filho, marido de Thaisa, também é investigado na Operação Sem Desconto, que apura as fraudes nos benefícios previdenciários. Segundo relatórios da Polícia Federal, Virgílio teria recebido aproximadamente R$ 11,9 milhões de empresas ligadas às entidades associativas envolvidas no esquema, incluindo cerca de R$ 7,5 milhões de recursos atribuídos ao “Careca do INSS”. A CPMI busca esclarecer as relações entre os investigados e os mecanismos utilizados para o desvio de verbas dos aposentados e pensionistas, que já motivaram a demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)