Mulheres de diversas cidades brasileiras mobilizam-se neste domingo (7) em uma grande manifestação nacional para denunciar o aumento alarmante dos casos de feminicídio e protestar contra todas as formas de violência que cerceiam o direito das mulheres de viver com liberdade, respeito e segurança. Sob o lema “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas”, coletivos, movimentos sociais e organizações feministas convocam a sociedade a romper o silêncio, exigir justiça e combater a impunidade que ainda prevalece diante desses crimes.
As manifestações, agendadas em várias regiões do país, reúnem milhares de mulheres que buscam chamar a atenção para a urgência de políticas públicas eficazes para a proteção das vítimas e a prevenção da violência de gênero. Entre as cidades que terão atos estão São Paulo, Curitiba, Campo Grande, Manaus, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e outras capitais e municípios, onde as concentrações ocorrerão em locais públicos estratégicos, como pontos centrais e praças conhecidas.
Essa mobilização nacional foi motivada pela repercussão de casos recentes de feminicídio que abalaram o Brasil nos últimos dias. Entre eles, o assassinato da cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos, em Brasília, cujo corpo foi encontrado carbonizado, e o soldado suspeito do crime já confessou a autoria. Outro episódio grave envolveu Tainara Souza Santos, que teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro em São Paulo; o motorista foi preso por tentativa de feminicídio. Também na mesma semana, duas funcionárias do Cefet-RJ foram assassinadas a tiros por um colega, que posteriormente tirou sua própria vida.
Os números do país refletem essa crise: somente em 2024, tiveram-se 1.459 feminicídios, média de quase quatro assassinatos por dia ligados à condição do sexo feminino. Em 2025, até o momento, já foram registrados mais de 1.180 feminicídios e cerca de 3 mil atendimentos diários pelo Ligue 180, serviço de referência para denúncias de violência contra a mulher. Além disso, dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero indicam que aproximadamente 3,7 milhões de mulheres brasileiras sofreram violência doméstica no último ano.
O movimento “Mulheres Vivas”, que organiza as manifestações, tem entre suas pautas históricas e urgentes a ampliação das delegacias da mulher 24 horas, a criação de casas-abrigo, mecanismos de proteção imediata para mulheres e filhos em risco, a aceleração no processamento das medidas protetivas, bem como combate à violência digital e discursos de ódio, além da busca pela paridade de gênero no poder público. A mobilização também integra o esforço dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, reforçando o compromisso contínuo com prevenção, denúncia e acolhimento.
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou apoio à causa e fez um apelo para um grande movimento nacional contra a violência de gênero, destacando a necessidade de uma resposta ativa dos homens para transformar a cultura de violência que ainda predomina na sociedade brasileira.
Com essa mobilização, mulheres de todo o país reafirmam sua resistência e o compromisso com a defesa da vida, exigindo mudanças estruturais para garantir que o Brasil deixe de ser um dos países mais violentos contra as mulheres no mundo. As ruas, neste domingo, serão palco de um grito coletivo por justiça, dignidade e o direito básico de todas as mulheres brasileiras de viverem sem medo.

