A menos de dois anos do pontapé inicial da Copa do Mundo Feminina da FIFA no Brasil, o país vive um ritmo acelerado de preparação, marcado por encontros estratégicos, ajustes finos de infraestrutura e um olhar cuidadoso sobre o legado social que o torneio pretende deixar. Nesta semana, representantes do governo federal, da FIFA e de entidades do futebol se reuniram no Rio de Janeiro para alinhar os próximos passos rumo ao maior evento do futebol feminino do planeta, que acontecerá entre os dias 24 de junho e 25 de julho de 2027.
Entre os destaques do encontro, esteve presente Jill Ellis, diretora de futebol da FIFA e ex-técnica bicampeã mundial pela seleção dos Estados Unidos. Para Ellis, a aproximação entre a entidade máxima do futebol e os organizadores brasileiros é fundamental. “Não é a FIFA vindo aqui, é a FIFA trabalhando junto com os anfitriões brasileiros, construindo essa relação e indo a fundo nos detalhes, expectativas e padrões. Precisamos entender o que eles precisam, desde os centros de treinamento até todos os detalhes que têm que estar prontos para a Copa do Mundo”, enfatizou a dirigente, em sua terceira visita ao país para acompanhar os preparativos.
O anúncio das oito cidades-sedes, em maio deste ano, foi um marco no processo: Belo Horizonte (Mineirão), Brasília (Mané Garrincha), Fortaleza (Arena Castelão), Porto Alegre (Beira-Rio), Recife (Arena de Pernambuco), Rio de Janeiro (Maracanã), Salvador (Arena Fonte Nova) e São Paulo (Neo Química Arena) serão os palcos da competição. A escolha privilegiou capitais com experiência em eventos de grande porte, como a Copa do Mundo masculina de 2014, buscando garantir estrutura, segurança e capacidade de receber torcedores de todo o mundo.
A segurança, aliás, é um dos pontos mais sensíveis no planejamento. O ministro dos Esportes, André Fufuca, destacou que a pasta está focada em apresentar garantias sólidas à FIFA, especialmente após episódios de violência em estádios brasileiros. “A segurança foi uma das garantias apresentadas à FIFA para realização do torneio no Brasil”, afirmou o ministro, citando exemplos recentes que colocaram o tema em evidência.
Além dos aspectos logísticos e esportivos, a Copa do Mundo Feminina no Brasil carrega um peso simbólico importante. Pela primeira vez, o torneio será realizado na América do Sul, e o governo brasileiro reforça o compromisso de usar o evento como plataforma para ampliar a participação e a visibilidade das mulheres no esporte. O Ministério das Mulheres integra o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), coordenado pelo Ministério do Esporte, que discute desde permissões de trabalho e isenções fiscais até medidas de proteção e promoção da igualdade de gênero.
“Estamos felizes por o Brasil sediar a Copa do Mundo, mas, principalmente, por dar visibilidade às mulheres que há anos lutam por espaço. Sabemos que essa igualdade ainda não foi plenamente alcançada, especialmente no futebol. Este é um momento fundamental e histórico para o empoderamento das mulheres”, afirmou Lucimara Cardozo, representante do Ministério das Mulheres no GTI.
A expectativa é que o Mundial feminino no Brasil seja o maior de todos os tempos, não apenas em números de público e audiência, mas também em legado social. O país se prepara para mostrar ao mundo que, mais do que o país do futebol, é também o país da inclusão, da diversidade e da transformação por meio do esporte. Enquanto isso, as cidades-sedes correm contra o tempo para garantir que tudo esteja pronto até o apito inicial, numa competição que promete ser um divisor de águas para o futebol feminino no cenário global.
