Na madrugada de terça-feira, 14 de outubro, o Brasil foi surpreendido por um extenso apagão que atingiu todas as regiões do país, do norte ao sul, do litoral ao interior, incluindo ao menos 20 estados e o Distrito Federal. O fornecimento de energia foi interrompido por cerca de duas horas, gerando transtornos e dúvidas na população. Autoridades apontaram que a causa não foi falta de energia, mas sim uma falha crítica na infraestrutura de transmissão, motivada por um incêndio em um reator da Subestação de Bateias, em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba, no Paraná.
A ocorrência teve início às 0h32 e provocou o desligamento de toda a subestação de 500 kV, impactando diretamente o Sistema Interligado Nacional (SIN), que integra usinas, linhas de transmissão e subestações de todo o país. O evento cortou instantaneamente cerca de 10.000 megawatts (MW) de carga, afetando os quatro principais subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Na região Sul, a interrupção foi de aproximadamente 1.600 MW; no Nordeste, 1.900 MW; no Norte, 1.600 MW; e no Sudeste, 4.800 MW. O mecanismo de proteção do sistema, conhecido como Esquema Regional de Alívio de Carga, foi acionado automaticamente, desligando equipamentos para evitar danos maiores à rede.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou em entrevista que o país não enfrenta limitações na geração de energia. “Não houve falta de energia. É um problema na infraestrutura que transmite a energia”, explicou, destacando que episódios históricos como os de 2001 e 2021 foram marcados por déficit de geração, diferentemente do cenário atual. Segundo ele, o sistema brasileiro está reforçado com investimentos recentes em linhas de transmissão e integração entre regiões, garantindo maior segurança energética.
Apesar do alcance nacional do apagão, o restabelecimento foi ágil. Entre 1h30 e 2h30 da madrugada, todas as regiões foram reconectadas, com exceção do Sul, que levou até 2h30 para ter o fornecimento plenamente recomposto. Em nível local, a Copel informou que 76 mil unidades consumidoras no Paraná foram afetadas, principalmente no norte do estado. O incêndio foi controlado pelos bombeiros e, segundo a companhia, nenhum equipamento da subestação sofreu dano significativo.
O ONS já anunciou a convocação de uma reunião preliminar com os principais agentes do setor elétrico para analisar a ocorrência e iniciar a produção de um relatório detalhado, cujo prazo de conclusão foi estabelecido para sexta-feira, 17 de outubro. Ainda não se sabe, contudo, o que causou o incêndio no reator da subestação, o que exigirá investigação técnica aprofundada.
Enquanto a população relata quedas de energia que variaram de alguns segundos a até uma hora, dependendo da região, as autoridades permanecem atentas para evitar que o episódio se repita. O caso é encarado como um episódio pontual, mas expõe a necessidade de contínuo investimento e manutenção na rede de transmissão brasileira, fundamental para manter o país funcionando sob a pressão do consumo crescente e da integração nacional do sistema elétrico.

