Home / Brasil e Mundo / No Conselhão, Lula pede fim da escala 6×1 e ações contra o feminicídio

No Conselhão, Lula pede fim da escala 6×1 e ações contra o feminicídio

# Governo reforça pressão pelo fim da escala 6×1 e convida Conselhão a debater redução de jornada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta quinta-feira o compromisso do governo com o fim da jornada de trabalho 6×1 durante participação na 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Em discurso direto aos empresários e representantes da sociedade civil que integram o Conselhão, Lula pediu que o órgão estude “com muito carinho” propostas para viabilizar a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução salarial.

O presidente argumentou que os avanços tecnológicos não justificam a manutenção do atual modelo de trabalho. Lula recordou sua experiência como sindicalista na Volkswagen, quando a montadora contava com 40 mil trabalhadores e produzia 1,2 mil carros. “Hoje ela tem 12 mil trabalhadores e produz o dobro de carros”, comparou. Para o presidente, essa realidade evidencia que a produtividade cresceu substancialmente, mas os ganhos não se refletiram na redução da jornada dos trabalhadores. “Por que então não reduziu a jornada de trabalho? Para que serviu todos esses avanços tecnológicos?”, questionou Lula.

O chefe do Executivo enfatizou que reduzir a jornada de 44 para 40 horas semanais não traria prejuízos econômicos. Mencionou ainda o exemplo da México, onde a presidente Claudia Sheinbaum anunciou a redução da escala até 2030. “Qual é o prejuízo que isso tem para o mundo? Nenhum”, afirmou. Lula expressou disposição em “apressar” o fim da escala 6×1 caso receba recomendações estruturadas do Conselhão, destacando que a proposta deve partir da sociedade civil brasileira e não apenas do governo.

A postura de Lula representa um recrudescimento na pressão governamental sobre o tema. Ministros e parlamentares alinhados com o Palácio do Planalto também ratificaram a posição durante entrevista coletiva realizada no mesmo dia. O governo expressou surpresa e descontentamento com o parecer do deputado federal Luiz Gastão, relator da subcomissão criada para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/25.

A PEC original, de autoria da deputada Erika Hilton, propunha jornada de quatro dias de trabalho e três de descanso, limitando a semana a 36 horas. O relatório de Gastão, porém, manteve a possibilidade da escala 6×1, estabelecendo apenas um limite de 40 horas semanais com oito horas diárias. Para compensar os empregadores, a proposta sugere desonerar aqueles cuja folha de salários representa parcela significativa do faturamento, com desconto gradual da contribuição sobre a folha.

A defesa pela redução da jornada também contou com apoio de parlamentares como o deputado federal Reginaldo Lopes, autor da primeira PEC sobre o assunto na Câmara (PEC 221/2019), e a deputada Daiana Santos, autora do projeto de lei 67/2025, que propõe a redução de 44 para 40 horas semanais.

O Conselhão, formado por empresários, sindicalistas, pesquisadores, artistas e representantes de movimentos sociais, funciona como órgão de assessoramento ao Presidente da República na formulação de políticas públicas. A convocação de Lula para que o grupo estude a questão da jornada de trabalho marca uma estratégia de construção de consenso em torno da proposta, buscando validação junto aos setores empresariais e da sociedade civil antes de avanços legislativos mais robustos.

Durante a mesma reunião, Lula também pediu ao Conselhão que proponha medidas mais contundentes para combate ao feminicídio e pedofilia, destacando a necessidade de punições mais severas para esses crimes.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)