O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta terça-feira (21) para o Sudeste Asiático, com visitas programadas à Indonésia e à Malásia, onde participará da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e da 20ª Cúpula do Leste Asiático (EAS). Durante a viagem, que se estenderá até o dia 28, Lula buscará uma aproximação política estratégica com os países da região, além de ampliar o comércio bilateral, com uma agenda que inclui reuniões bilaterais com diversos líderes, como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e a expectativa de um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não confirmado.
Esta é a primeira vez que um presidente brasileiro participa como convidado da cúpula da Asean, bloco formado por 11 países que juntos somam mais de 680 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto agregado de cerca de US$ 4 trilhões, colocando-o como a quarta maior economia global. O comércio entre o Brasil e os países da Asean ultrapassou US$ 37 bilhões no ano passado, representando uma significativa oportunidade para expandir o mercado brasileiro em meio a um cenário internacional marcado por imposições tarifárias unilaterais. A Asean responder por mais de 20% do superávit comercial do Brasil, com um saldo favorável à balança de US$ 15,5 bilhões, destaca o Itamaraty.
A viagem de Lula começa em Jacarta, capital da Indonésia, onde será recebido em visita de Estado para reafirmar a parceria estratégica bilateral, que desde 2008 fortalece diálogo e cooperação em áreas como comércio agrícola, segurança alimentar, bioenergia, desenvolvimento sustentável e defesa. Em Jacarta, o presidente também participará do encerramento de um fórum empresarial que conta com cerca de 100 empresários brasileiros. No dia seguinte, terá encontro com o secretário-geral da Asean, Kao Kim Hourn, antes de seguir para Kuala Lumpur, na Malásia.
Na Malásia, a agenda inclui visita oficial ao país e reuniões com o primeiro-ministro Anwar Ibrahim, com quem Lula tem desenvolvido laços políticos baseados em visões comuns sobre temas globais, como a questão Palestina, a guerra na Ucrânia e a reforma do sistema de governança global. A cooperação bilateral também deve avançar com a assinatura de memorandos envolvendo semicondutores — segmento em que a Malásia é potência — ciência, tecnologia e energia renovável. Lula ainda será agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional da Malásia, ocasião em que discutirá a visão brasileira sobre as relações sociais, culturais e políticas com a Ásia.
Durante a cúpula da Asean, Lula participará de eventos empresariais e terá encontros bilaterais, com a confirmação até o momento de reunião com Narendra Modi e a expectativa de encontrar Donald Trump para discutir, entre outros temas, a atual imposição de tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, o chamado “tarifaço”. Este encontro, caso ocorra, será a primeira reunião formal presencial entre os dois líderes desde o início da crise tarifária, representando um momento importante para a reaproximação entre Brasil e EUA.
No dia seguinte, Lula participará da Cúpula do Leste Asiático (EAS), fórum que reúne 18 países entre Ásia e Oceania, incluindo grandes potências como Rússia, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, e Estados Unidos, oportunidade na qual fará um discurso aos líderes presentes. A viagem representa a sexta incursão do presidente ao continente asiático em seu atual mandato, reforçando a crescente importância estratégica e econômica do Sudeste Asiático para o Brasil.
