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Novo rascunho de documento da COP30 avança em alguns pontos

O secretariado da Convenção do Clima (UNFCCC) divulgou uma nova versão do rascunho do Pacote de Belém na manhã de sexta-feira, 21 de novembro de 2025, incluindo um anexo com uma lista de 59 indicadores para a Meta Global de Adaptação (GGA). Embora o documento apresente avanços, como a criação de um mecanismo de transição justa, a adoção dos indicadores de adaptação e a decisão de triplicar o financiamento à adaptação, organizações sociais e especialistas criticam a ausência de decisões concretas sobre a transição dos combustíveis fósseis e o desmatamento.

A rede Observatório do Clima destacou que o rascunho está desequilibrado e não atende à determinação do presidente Lula e de 82 países que pedem um roteiro claro para abandonar os combustíveis fósseis. Tal roteiro não aparece em nenhum dos textos publicados, e a presença recorde de 1.602 lobistas da indústria fóssil na conferência é apontada como causa da resistência a avanços nesse tema. O Programa de Trabalho de Transição Justa (JTWP), fundamental para estabelecer caminhos para essa transição, também não inclui propostas efetivas contra o uso de combustíveis fósseis e desmatamento, apesar da inclusão da consulta prévia aos povos tradicionais nos territórios afetados.

No que diz respeito às metas de emissões (NDCs), a revisão necessária para assegurar que o aquecimento global não ultrapasse 1,5°C também não avançou, com a lacuna de ambição sendo relegada a um relatório a ser produzido daqui a três anos, sem previsão de medidas concretas imediatas. Por sua vez, a Meta Global de Adaptação apresentou progresso ao reforçar que o financiamento público internacional deve ser realizado de países desenvolvidos para países em desenvolvimento. Foi estabelecido um processo que se estenderá até a COP32, em Addis Abeba, para alinhar políticas de adaptação e implementar salvaguardas junto aos indicadores definidos.

Apesar desses avanços, não há consenso sobre a nova meta de financiamento, que embora mencione a intenção de triplicar os recursos para adaptação, carece de mecanismos claros ou fontes definidas para garantir esses fundos. Especialistas do Instituto Talanoa consideram que a proposta financeira ainda é vaga e que o trabalho de realinhamento dos fluxos financeiros tem resultados insuficientes.

No geral, a COP30, sediada em Belém, segue com grandes expectativas em torno do Pacote de Belém e da possibilidade de decisões robustas, mas o impasse sobre a transição energética e os planos concretos para a eliminação dos combustíveis fósseis e do desmatamento permanece um dos principais desafios a ser superado. O diálogo entre os países produtores e consumidores, defendido pelo Brasil, e a pressão dos blocos internacionais que buscam um mapa do caminho claro para a transição justa serão decisivos para o desfecho dessas negociações.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)