O banco central americano (FED) impõe restrições a negociações financeiras por seus membros

O Federal Reserve (FED, o banco central americano) anunciou uma série de restrições a negociações financeiras por parte de seus membros, após controvérsias e renúncias envolvendo autoridades do banco central norte-americano.

As novas regras proíbem compra de ações individuais e também restringem a negociação direta em ativos do mercado financeiro por seus membros.

Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (banco central americano), declarou que “essas novas regras rígidas elevam o nível de exigência para garantir ao público que servimos, que todos os nossos funcionários seniores mantenham um único foco na missão pública do Federal Reserve”.

A nota emitida pela autoridade monetária máxima dos EUA, estabelece que os formadores da política do Fed e do Conselho, além da equipe sênior, ficam proibidos de comprar ações individuais, manter investimentos em títulos individuais, manter investimentos em títulos de agências (direta ou indiretamente) ou entrar em derivativos (mercado futuro e opções sobre ações). As autoridades estarão limitadas à compra de modalidades de investimento que sejam diversificadas, como fundos multimercado (aqui não há atuação direta por parte do investidor).

As autoridades do Fed também ficarão obrigadas a fornecer um aviso prévio de 45 dias para compras e vendas de títulos, a obter aprovação e a manter os investimentos por pelo menos um ano. Além disso, nenhuma compra ou venda será permitida “durante períodos de maior estresse no mercado financeiro”.

Além disso, as autoridadaes regionais do Fed (que compõem o Copom de lá) agora serão obrigados a divulgar publicamente as transações financeiras dentro do prazo de 30 dias, como os membros do Conselho e a equipe sênior já fazem atualmente.

As novas medidas anunciadas vêm em meio a uma enxurrada de críticas e após divulgações financeiras mostrarem que o presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, e o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, negociavam direta e ativamente nos mercados financeiros, mesmo enquanto ajudavam a definir a política monetária para o banco central, ou seja, mesmo quando ajudavam e influenciavam os rumos do mercado financeiro não só dos EUA como do mundo. Os dois renunciaram a seus cargos.

Como se não bastasse, divulgações financeiras do vice-presidente do Fed, Richard Clarida, mostraram que ele fez uma realocação entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões de um fundo multimercado para dois outros fundos no final de fevereiro de 2020, justamente antes de Jerome Powell sinalizar a possibilidade de um corte na taxa de juros, indicação clara da possibilidade do uso de informações privilegiadas em proveito próprio.


Redação NegoPB