‘O futuro do dinheiro’: Prêmio Nobel de Economia sai em defesa do Pix do Brasil
Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia e professor da Universidade da Cidade de Nova York, publicou um artigo em que elogia o sistema brasileiro de pagamento instantâneo Pix e sugere que o Brasil pode ter criado o futuro do dinheiro. No texto intitulado “O Brasil inventou o futuro do dinheiro? E será que chegará para os EUA?”, Krugman destaca a eficiência, rapidez e os baixos custos do Pix, afirmando que o sistema brasileiro supera os modelos utilizados nos Estados Unidos e pode ser um caminho para a criação de uma moeda digital emitida pelo Banco Central (CBDC) no Brasil.

Krugman compara o Pix ao sistema privado americano Zelle, afirmando que, embora o Zelle seja grande, o Pix é muito mais fácil de usar e já é utilizado por 93% dos adultos brasileiros, substituindo rapidamente dinheiro em espécie e cartões. Ele ressalta que as transações via Pix são liquidadas em média em três segundos, contra dois dias para cartões de débito e até 28 dias para cartões de crédito. Além disso, os custos para empresas e comerciantes são de 0,33% do valor da transação no Pix, comparados a 1,13% e 2,34% nos cartões de débito e crédito, respectivamente.
O artigo de Krugman foi publicado no contexto de controvérsias recentes entre Brasil e Estados Unidos, incluindo investigações americanas sobre o sistema de pagamentos brasileiro, que poderiam resultar em sanções ou tarifas contra o Brasil. Ele critica a postura do governo de Donald Trump e de parte do Congresso americano, que aprovaram leis que dificultam a criação de uma moeda digital pelo Federal Reserve, citando um temor infundado sobre invasão de privacidade e controle estatal como justificativa para impedir essas iniciativas. Krugman ironiza que, na realidade, o setor financeiro dos EUA teme a concorrência de um sistema público que ofereça serviços melhores e mais baratos, como o Pix.
Krugman enaltece ainda a diferença na economia política brasileira, destacando que o Brasil tem uma cultura de responsabilizar ex-presidentes que tentam anular eleições, o que torna possível implementar inovações que enfrentam menor resistência dos grupos de interesse financeiros poderosos presentes nos EUA. Por fim, ele afirma que outras nações podem aprender com o sucesso do Brasil no desenvolvimento de sistemas de pagamento digitais, mas prevê que os EUA permanecerão vulneráveis aos interesses corporativos e à defesa de tecnologias baseadas em criptomoedas privadas, em detrimento de soluções públicas eficazes.
Em síntese, Krugman destaca o Pix não apenas como uma inovação tecnológica, mas como um modelo de política pública eficiente, inclusivo e com potencial para influenciar o futuro das moedas digitais no mundo. A mensagem dele serve como forte elogio ao sistema brasileiro e como crítica à resistência americana para adotar modelos equivalentes.