A nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (13) pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), atingiu o núcleo central do esquema criminoso responsável por descontos ilegais em aposentadorias e pensões de milhões de brasileiros. O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que a operação colocou na cadeia as pessoas-chave desse esquema, que, por anos, permitiu o desconto irregular de mensalidades associativas de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país.
“Hoje, a operação colocou na cadeia o núcleo principal de todos os desvios do INSS; da quadrilha que tomou de assalto as aposentadorias brasileiras”, declarou Viana, logo antes da 25ª reunião da comissão, que ouvirá o depoimento do advogado Eric Douglas Martins Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis. Segundo as investigações, o escritório de advocacia de Eric recebeu cerca de R$ 5,1 milhões de dirigentes de entidades investigadas no âmbito da Operação Sem Desconto.
Entre os principais desdobramentos da nova fase está a prisão do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, procurador federal de carreira que esteve à frente da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS entre 2011 e 2017. A operação cumpriu 63 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão preventiva em 15 unidades da federação, atingindo figuras centrais do escândalo.
As investigações revelaram um esquema criminoso que, entre 2019 e 2024, desviou valores de beneficiários do INSS, cobrando mensalidades irregulares sem autorização, como se os aposentados e pensionistas tivessem se associado a entidades que, na verdade, não ofereciam os serviços prometidos. Os desvios podem chegar a R$ 6,3 bilhões, segundo estimativas das autoridades.
A CPMI do INSS, presidida por Carlos Viana, tem atuado de forma intensa para esclarecer o caso e responsabilizar os envolvidos. O colegiado já ouviu diversos depoimentos e aprovou projetos para coibir novas fraudes contra beneficiários da Previdência Social. Viana afirmou que a comissão não vai recuar e que o país “cansou de ver viúvas, órfãos e idosos sendo saqueados na luz do dia”.
A nova fase da operação marca um avanço significativo nas investigações, que agora também passam a focar na hierarquia dos envolvidos, incluindo políticos e integrantes do chamado “primeiro escalão” do governo. O presidente da CPMI destacou que há indícios de que parlamentares podem ser ouvidos pelo colegiado, ampliando o escopo das apurações.
A operação Sem Desconto tem sido considerada um marco na atuação de comissões parlamentares, pela quantidade de prisões e pela profundidade das investigações. O trabalho conjunto entre a PF, a CGU e a CPMI do INSS busca trazer respostas ao povo brasileiro e garantir que os responsáveis pelos desvios sejam devidamente punidos.

