A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira uma operação para investigar supostos desvios de recursos públicos em contratos de pavimentação de rodovias financiados por emendas parlamentares, com prejuízo estimado em R$ 22 milhões aos cofres públicos. A operação, batizada de Fake Road, apura indícios de superfaturamento, execução parcial ou inexistente das obras, medições fraudulentas e favorecimento indevido de empresas contratadas em contratos firmados pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS).
Durante a ação, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, sendo nove em Fortaleza (CE) e dois em Natal (RN). A investigação envolve servidores públicos e representantes de empresas privadas que atuaram em possível organização criminosa para desviar recursos públicos. Além dos mandados, a operação inclui bloqueio judicial de bens, indisponibilidade de imóveis e veículos, busca pessoal, veicular e a quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático dos investigados.
A Controladoria-Geral da União (CGU) participou da operação após auditorias revelarem os indícios de irregularidades. Até o momento, não há informações sobre deputados ou senadores diretamente investigados, embora as emendas parlamentares, que são verbas destinadas por parlamentares a políticas públicas específicas, frequentemente estejam no centro de investigações da PF e CGU.
Nos últimos meses, outras ações têm focado em emendas parlamentares, como a autorização do ministro do STF Flávio Dino para investigação de 964 emendas individuais que somam R$ 694 milhões. Em dezembro de 2024, o mesmo ministro suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas por suspeitas de irregularidades, evidenciando o foco contínuo no combate a fraudes relacionadas a essas verbas públicas.
A Polícia Federal ressaltou que a operação Fake Road visa coletar novas provas, assegurar a interrupção de práticas ilegais e reforçar seu compromisso no combate à corrupção e desvios de recursos públicos. O DNOCS ainda não se pronunciou sobre a ação até o momento da publicação desta reportagem.

