Opinião | A lição das urnas

João Pessoa votou neste último domingo (15). Foram mais de 411 mil votos depositados nas urnas, um comparecimento de 78,72% e uma abstenção de 21,28%.

A lição das urnas foi dada.

Dentre os projetos de maior relevância que estavam na disputa, destaco dois, que foram claramente rejeitados pela população.

Ricardo Coutinho

Em primeiro lugar destaco a candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho, que mesmo todo enrolado com os processos da operação calvário, lançou seu nome na disputa, obtendo menos de 38 mil votos, ou 10,68% do total.

O mesmo Ricardo que já alcançou mais de 1 milhão de votos nas eleições de 2010 e chegou a ser cotado como presidenciável pelo PSB.

A tradição do “rouba mas faz”, foi quebrada. A população começa a compreender que os recursos desviados pela corrupção, são os mesmos que fazem falta para as escolas de qualidade, para uma saúde de qualidade, para ruas calçadas e saneadas, para um transporte público decente.

Ricardo foi julgado pelo juiz maior, o povo, e foi rejeitado. Poderá até voltar, mas antes precisa provar que é inocente.

Edilma Freire

Em segundo, destaco a candidatura da cunhada do prefeito Luciano Cartaxo, Edilma Freire. Ex-Secretária de Educação de João Pessoa, Edilma ficou em 5º lugar na disputa eleitoral, tendo obtido 47.157 votos, o que representa apenas 12.93% do total. Mesmo com toda a máquina administrativa da prefeitura sendo utilizada a seu favor.

É a população rompendo com a tradição do clientelismo e do nepotismo na política. Cartaxo usou e abusou da indicação de parentes. Agora teve sua paga.

Edilma foi rejeitada, pois sua candidatura nos termos em que foi apresentada, como a cunhada do prefeito, representa o que tem de mais atrasado na política.

Algum leigo, perdendo tempo com essa leitura, pode pensar: Mas no interior foram eleitos muitos irmãos, tios, esposas, todos da mesma família. E sim, é verdade. Esse leitor estará correto. Mas os movimentos de vanguarda começam pelas capitais.

As tendências se iniciam onde os choques culturais são mais constantes. São nas capitais que as tribos se misturam e moldam através dos debates políticos, culturais e sociais, os “novos tempos”.

Sem dúvida, que esses novos “ares” chegarão nas cidades do interior do Estado e serão rompidas essas tradições caducas que nada contribuem para o desenvolvimento social e econômico dessas localidades.

Campina Grande é o exemplo mais gritante na Paraíba. Refém de uma oligarquia, a cidade patina de lado e não consegue avançar e melhorar a qualidade de vida do seu povo.

Assim como a capital está aprendendo sua lição saída das urnas, chegará o tempo das cidades do interior e será um tempo bem vindo.

Por J. Laurentino

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