Considero como prematura e açodada a decisão de abertura das escolas e a volta as aulas presenciais. A pressão das redes privadas de educação surtiu efeito, mas os riscos envolvidos não valem os benefícios.
Em São Paulo, os casos entre professores estão disparando. A contaminação deverá chegar até as crianças justamente no momento em que as novas cepas estão atacando a população mais jovem e os casos de crianças e adolescentes morrendo pela COVID começam a surgir no país de forma frequente.
Os leitos infantis da rede pública já estavam com ocupação de 80% em dados de janeiro, justamente no momento em que os governos começaram a flexibilizar e autorizar o retorno das atividades escolares.
João Pessoa
Aqui não foi diferente. As escolas particulares até se compararam aos bares, para justificar a volta das aulas presenciais. A prefeitura liberou o formato híbrido e online, para diminuir o impacto de um surto.
Mas com os números de contaminação e óbitos subindo sem parar, já podemos afirmar que a volta as aulas na capital foi prematura e expõe as crianças e os profissionais da educação a um risco desnecessário.
A variante britânica do coronavírus tem seu alvo preferencial na faixa etária de 5 a 12 anos, mostra estudo do Imperial College, de Londres. Itália, Israel e Dinamarca, também viram os números de infecções de crianças saltarem com a disseminação da nova cepa.
Em Israel, por exemplo, pediatras relataram que mais de 50 mil crianças e adolescentes tiveram resultado positivo para a Covid em janeiro – mais do que o total visto em qualquer outro mês da pandemia no país.
Estudos já demonstram que escolas podem ser mais perigosas que hospitais para a transmissão do coronavirus.
A tragédia está anunciada.
Sem o fechamento das escolas, corremos o risco de ter um mortalidade concentrada entre crianças e adolescentes, que estão entre os últimos que serão vacinados e algumas vacinas sequer podem ser aplicadas nessa faixa etária, como a Pfizer, que recomenda a aplicação a partir dos 18 anos.
É uma população delicada, que exige cuidados especiais, especialmente para enfrentar as sequelas da COVID, já que ainda estão com o sistema imunológico em formação.
Depois da tragédia de Manaus, que poderia ter sido evitada, com mais planejamento e ouvindo a ciência, não devemos titubear para evitar uma nova tragédia, talvez de dimensões ainda maiores.
O fechamento das escolas é urgente e necessário para os esforços de conter o avanço da COVID-19 e evitar mais uma tragédia, entre tantas, promovidas pela doença.
Por J. Laurentino
Esse texto foi recebido por colaboração independente e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal NegoPB.