
A ditadura no Brasil deixou uma marca perversa em nossa sociedade. É dela que deriva no passado recente, a violência policial, o autoritarismo e o abuso de autoridade, a repressão à liberdade de expressão e de pensamento, e as violações de direitos humanos. São essas práticas que estão impregnadas na cultura institucional deste país e precisam ser repudiadas e banidas.
É também dessa época a herança da dívida pública que consome mais de 90% do PIB atualmente e as regalias e mamatas da alta burocracia estatal, transformadas em “direitos”, como por exemplo as pensões das filhas solteiras de militares, uma imoralidade administrativa e constitucional.
A lei da anistia criou uma chaga aberta em nossa história que nunca irá cicatrizar enquanto os responsáveis não forem julgados e condenados pelos bárbaros crimes cometidos “em nome do Estado”.

As graves violações de direitos humanos praticadas por agentes do Estado brasileiro, com salários pagos pelo Estado brasileiro para assassinar, torturar e estuprar cidadãos brasileiros nas dependências de órgãos públicos, é apenas um resumo da perversão social e moral, praticada no período do regime militar.
Desaparecimentos, simulação de suicídios e tortura de crianças, foi o que aconteceu ao que agora se quer cinicamente chamar de “movimento de 64”.
Muitos dizem que vivemos uma distopia. Um momento de delírio e ilusão coletiva, no qual as pessoas se utilizam das liberdades democráticas e constitucionais dais quais desfrutam, para defender e apoiar o fim da própria democracia e uma nova intervenção militar.

Nosso papel enquanto seres pensantes, é lutar contra o esquecimento e contra as tentativas de reescrever a história. Precisamos deixar claro, as forças armadas por ocasião do golpe de 1964, traíram a constituição e o povo que juraram defender. Subverteram a ordem política, fecharam o congresso nacional, cassaram mandatos, censuraram a imprensa. Esse poder jamais foi dado aos generais pelo povo. Foram usurpadores e assim sempre serão lembrados.
Nesse 31 de março de 2021, novamente vemos a nossa democracia sob ameaça e risco. Um presidente eleito democraticamente pelo voto tenta subverter a ordem política e social. Parlamentares eleitos democraticamente estimulam motins das Polícias Militares. Ameaçam fechar o Supremo. Pedem intervenção. As forças armadas se agitam nos quartéis.
Não sei qual será o resultado dessa espiral do conflito criada a partir do golpe branco de 2014, no grande acordo “com Supremo, com tudo”. Mas sei que não queremos aquele passado de volta e lutaremos para que ele não volte.
Por fim, deixo a única expressão que simboliza o 31 de março: Ditadura nunca mais!
(Em memória dos mortos e desaparecidos da ditadura militar brasileira! Não serão esquecidos.) Lista completa aqui.
Por J. Laurentino
Esse texto foi recebido por colaboração independente e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal NegoPB.