A recente invasão do Congresso Norte-Americano por uma milícia política favorável ao presidente Trump fez o Brasil colocar as barbas de molho.
O roteiro para 2022 está dado.
Bolsonaro que já vinha se antecipando em entrevistas e lives sobre uma possível fraude nas eleições presidenciais e nas urnas eletrônicas, aproveitou a narrativa para engrossar suas teorias conspiratórias que apenas fragilizam a democracia e as instituições brasileiras.
Eleito durante 30 anos por urnas eletrônicas, assim como os três filhos, a ex-mulher e uma dezena de amigos, Bolsonaro que faz um governo medíocre, ataca o sistema para tentar se manter no poder, assim como o comparsa americano.
Caberá as instituições brasileiras a missão de frear a turba bolsonarista em sua sanha de ganhar no “grito” as eleições. Para eles, qualquer resultado que não seja a vitória de Bolsonaro, será fraude.
Serão o STF, o TSE e o Congresso Nacional os fiés da democracia brasileira.
A PGR teria papel central, mas resta a dúvida sobre o nível de comprometimento e aparelhamento da instituição, que sob o comando de Augusto Aras vem silenciando vergonhosamente sobre a crise da vacina, sobre as rachadinhas, a interferência na PF e a “consultoria” da ABIN na defesa do Senador Flávio Bolsonaro.
Digo e repito, desde o primeiro dia em que uma vacina estava disponível e o primeiro país começou a vacinar sua população, o Reino Unido, a responsabilidade sobre as mortes recai no colo do governo federal, que ainda tenta fazer uma compra atabalhoada de seringas, como se tivesse descoberto agora, que vacina injetável sem seringas não serve pra nada.
O impeachment seria o melhor caminho não fosse a fragilização institucional, política e econômica que provoca. A oportunidade para rever nosso sistema política está posta.
Se nosso regime político fosse parlamentarista, o governo Bolsonaro já teria caído no primeiro “porra” que deu aos jornalistas. Não podemos mais seguir nesse presidencialismo quase monárquico de colisão, onde a cooptação de parlamentares por emendas e cargos, é a regra, num jogo de faz de conta entre os poderes.
Essa alienação ideológica lastreada em um regime político/jurídico caduco, onde o povo detém o poder direto para eleger, mas não detém o poder direto para destituir, está custando ao Brasil mais de 200 mil vidas e as que ainda serão sacrificadas enquanto não tivermos acesso a vacina e a seringas.
A narrativa está pronta. Bolsonaro não vai largar o osso sem rosnar e tentar morder. O Brasil que aguente.
Por J. Laurentino