# Universidades Federais Enfrentam Corte de R$ 488 Milhões no Orçamento de 2026
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou uma nota manifestando profunda preocupação com os cortes no orçamento das Universidades Federais aprovados pelo Congresso Nacional durante a tramitação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026. A entidade solicita a recomposição imediata dos valores, alertando que a falta dessa medida pode comprometer o funcionamento regular das universidades e limitar seu papel estratégico no desenvolvimento científico, social e econômico do país.
O corte aprovado pelo Congresso Nacional na sexta-feira (19 de dezembro) representa uma redução de R$ 488 milhões no orçamento originalmente previsto para as 69 universidades federais, equivalente a 7,05% dos recursos discricionários. O valor final destinado às instituições caiu de R$ 6,89 bilhões para R$ 6,43 bilhões. A redução afeta diretamente despesas não obrigatórias, como contas de água, energia, segurança, limpeza, manutenção predial e bolsas estudantis.
Os cortes incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior. Um dos principais alvos foi a assistência estudantil, com redução de aproximadamente R$ 100 milhões. Essa área é considerada estratégica para a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica e compromete diretamente a implementação da nova Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), instituída pela Lei nº 14.914/2024, colocando em risco avanços recentes na democratização do acesso e da permanência no ensino superior público.
De acordo com análise preliminar da Andifes, os cortes aprovados agravam um quadro já crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das Universidades Federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, desconsiderando os impactos inflacionários e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente aqueles relacionados à mão de obra terceirizada. Na prática, essa situação reduz ainda mais a capacidade de custeio das universidades, criando um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Segundo a Andifes, cortes semelhantes também impactarão os orçamentos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A Capes sofreu redução de R$ 305,1 milhões nas bolsas de pesquisa, representando uma diminuição estimada entre 15% e 18% do valor destinado ao pagamento de bolsas. No CNPq, o corte representa aproximadamente 20% a 25% do montante destinado às bolsas de formação e pesquisa.
A entidade alerta que estamos diante de um cenário de ameaça à sustentabilidade administrativa das instituições federais de ensino superior e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O Ministério da Educação (MEC) reconheceu que as universidades ainda sentem os efeitos da redução orçamentária ocorrida entre 2016 e 2022 e afirmou que, desde 2023, vinha adotando medidas para recuperar gradualmente os recursos destinados ao ensino superior. Com o novo corte aprovado pelo Congresso, as universidades federais voltam a enfrentar um cenário de restrição financeira em um contexto de aumento de custos e ampliação da demanda por políticas de permanência estudantil, reacendendo o debate sobre a sustentabilidade do sistema público federal de ensino superior no país.

