Pesquisadores da UFPB testam tratamento único para asma e rinite

Um estudo inédito em andamento na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) busca desenvolver um tratamento único para a síndrome da rinite alérgica e asma combinadas, conhecida como CARAS (do inglês Combined Allergic Rhinitis and Asthma Syndrome). O objetivo é controlar os sintomas clínicos dos pacientes por meio do uso de uma substância chamada MHTP, um alcaloide sintético de efeito anti-inflamatório produzido no Centro de Biotecnologia (CBiotec) da UFPB, pelo professor Luís Cézar Rodrigues.

Centro de biotecnologia da UFPB. Foto: Angélica Gouveia

A pesquisadora Laercia Karla Paiva, cuja tese sobre esse tratamento inovador da CARAS, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (PNSB) da UFPB, acaba de receber uma menção honrosa no Prêmio CAPES de Teses 2021, explica que os estudos do doutorado confirmaram que o MHTP, testado em camundongos, diminuiu o quadro inflamatório e alérgico característicos na CARAS.

Atualmente realizando um pós-doutorado pelo mesmo Programa, Laercia, junto com os outros pesquisadores da UFPB envolvidos, estão na fase pré-clínica, identificando os efeitos da substância, que pode vir a representar uma alternativa terapêutica para o tratamento da asma e da rinite, com a produção de um medicamento à base de MHTP.

“Acreditamos que o MHTP possa vir a ser um tratamento inovador na CARAS pois, possui efeito anti-inflamatório e diminui os sintomas clínicos da rinite alérgica e asma concomitantemente quando administrado pelas duas vias de administração (via oral ou nasal)”, explicou Laercia.

Ainda de acordo com a pesquisadora, a rinite afeta cerca de 20% da população mundial e a asma, causa de uma em cada 250 mortes no mundo, afeta mais de 300 milhões de pessoas no planeta. O tratamento inovador poderia implicar, assim, mais qualidade de vida para quem convive com a síndrome.

“A modulação da inflamação crônica e dos sinais clínicos das crises alérgicas são a base para o controle das doenças alérgicas do trato respiratório que afetam a qualidade de vida dos indivíduos acometidos”, pontuou Laercia, lembrando que a CARAS é uma doença sem cura até o momento e, portanto, requer tratamento a longo prazo.

Além da possibilidade de tratamento da síndrome com um medicamento único, uma formulação farmacêutica com o MHTP traria outra vantagem frente os medicamentos utilizados atualmente para controle da asma e/ou rinite alérgica: a ausência de corticosteroides. “A principal classe de medicamentos para tratar a inflamação das vias aéreas são os corticosteroides, que têm seu uso prolongado ou crônico, levando ao aparecimento de efeitos adversos no indivíduo, a exemplo de retenção de líquidos ou inchaço corporal”, alertou a pesquisadora.

Com reportagem de Milena Dantas e edição de Aline Lins