A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025, a Operação Nêmesis, destinada a apurar a possível prática de embaraço às investigações que apuram desvio de recursos públicos destinados ao combate à covid-19 e de emendas parlamentares. Esses recursos teriam sido usados indevidamente para pagamento a empresas contratadas para o fornecimento de cestas básicas durante a pandemia. A operação contou com o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça, nas cidades de Palmas e Santa Tereza do Tocantins.
As investigações tiveram início na segunda fase da Operação Fames-19, em setembro, quando surgiram indícios de que alguns investigados teriam se valido de seus cargos e veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais relevantes para as apurações, dificultando o trabalho da Polícia Federal. Entre os alvos está o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, afastado do cargo em setembro, que nega as irregularidades. Há suspeitas de que pessoas próximas ao governador tenham transformado o governo do estado em um “balcão de negócios”, e a investigação aponta pagamentos de propina, incluindo um montante de R$ 550 mil relacionado a um contrato para fornecimento de frangos congelados.
Além das medidas de busca e apreensão, a Polícia Federal vem monitorando movimentos suspeitos de destruição e ocultação de provas e ativos, buscando interromper essas ações criminosas e reunir novos elementos que esclareçam a participação dos investigados e a existência de outros agentes ainda não identificados. O uso de mensagens eletrônicas e rastreamento de conexões de Wi-Fi ajudaram a mapear movimentações suspeitas, como a saída apressada do governador e de familiares de sua residência na véspera da operação, além da presença de aliados em sua casa pouco antes da ação policial.
O afastamento do governador possibilitou a assunção do vice-governador Laurez Moreira. A Polícia Federal disponibilizou canais de comunicação para o recebimento de informações relacionadas ao caso, incluindo e-mail, WhatsApp e atendimento presencial em sua superintendência no Tocantins. As investigações continuam sob sigilo, e a corporação busca identificar todos os envolvidos em possíveis crimes como peculato, corrupção passiva, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.

