O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a reabertura do inquérito da Polícia Federal que investigou o ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta interferência na instituição. Esse pedido ocorre mesmo após, em março de 2022, a Polícia Federal ter concluído que não houve ingerência política e ter recomendado o arquivamento do caso.
A investigação teve início após a demissão do então ministro da Justiça, Sergio Moro, que denunciou interferência de Bolsonaro na PF, especialmente na substituição do diretor-geral Maurício Valeixo, indicado por Moro. No pedido encaminhado ao STF, Gonet destaca a necessidade de verificar se houve efetivamente interferências na corporação, citando conversas de WhatsApp entre Bolsonaro e Moro em 2020, nas quais o ex-presidente confirmou a demissão de Valeixo e compartilhou notícias sobre investigações da PF envolvendo deputados que o apoiavam.
O procurador argumenta que é imprescindível uma apuração mais ampla para confirmar se houve uso da estrutura do Estado e obtenção clandestina de dados sensíveis para tentar interferir nas investigações. Além disso, a reabertura do inquérito inclui a investigação do possível vínculo dessa interferência com a chamada “Abin Paralela”, relação com propagação de desinformação e o uso da estrutura do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em um contexto de trama golpista.
A decisão sobre o pedido será analisada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, e a Polícia Federal deverá realizar as diligências complementares requisitadas para aprofundar a apuração diante dos novos elementos apresentados.
