Plano para matar Lula: como ‘kids pretos’ tramaram dar golpe e assassinar presidente eleito, Alckmin e Moraes, segundo a PF

Plano de golpe e assassinatos

Cinco pessoas foram presas com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento em um plano para dar golpe de Estado e assassinar o presidente eleito Lula, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Os presos incluem quatro militares do Exército, conhecidos como “kids pretos”, e um policial federal: o general de brigada da reserva Mario Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo, o major Rafael Martins de Oliveira e o policial federal Wladimir Matos Soares.

Mario Fernandes é um nome conhecido, pois atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro e foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), mas foi afastado do posto por determinação do STF.

Os planos para o golpe de Estado e assassinatos foram intitulados “Copa 2022” e “Punhal Verde Amarelo” e envolviam o monitoramento, a prisão ilegal e a possível execução de Lula, Alckmin e Moraes.

Reunião e documento

Rafael Martins de Oliveira e Hélio Ferreira Lima teriam participado de uma reunião em 12 de novembro na casa do general Braga Netto, na companhia de Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante a presidência e atualmente é delator.

Após o encontro em novembro, Oliveira teria enviado a Cid um documento que detalhava as necessidades logísticas e financeiras para realizar a operação planejada para 15 de dezembro.

Um documento encontrado nos arquivos de Mário Fernandes planejava instituir um “gabinete institucional de gestão da crise” que entraria em operação em 16 de dezembro de 2022, dia seguinte à operação “Copa 2022”, e seria chefiado pelo general Augusto Heleno e teria Braga Netto como coordenador-geral.

Depoimento de Mauro Cid

Mauro Cid prestou novo depoimento à PF e negou que soubesse do plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes, mas a PF apontou inconsistências no depoimento, e caberá a Alexandre de Moraes avaliar se os benefícios ligados ao acordo de delação devem ser anulados por isso.

Operação “Copa 2022”

A operação “Copa 2022” foi um plano para dar um golpe de Estado e matar o presidente eleito Lula, além de outros alvos, como o ex-vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

O plano foi descoberto pela Polícia Federal (PF) e teve início em novembro de 2022, com a finalidade de impedir a posse do governo legitimamente eleito e restringir o livre exercício da Democracia e do Poder Judiciário brasileiro.

O major Rafael Martins de Oliveira enviou um documento protegido por senha intitulado “Copa 2022” para um homem identificado como Cid, via WhatsApp, em 15 de novembro de 2022, que continha uma estimativa de gastos para subsidiar as ações clandestinas.

O grupo “Copa 2022” foi criado no aplicativo de mensagens Signal e era composto por seis usuários, cada um com um codinome de país (Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana), para não revelar suas identidades.

As mensagens trocadas entre os integrantes do grupo demonstram que os investigados estavam em campo, divididos em locais específicos, para executar ações com o objetivo de prender o ministro Alexandre de Moraes.

A investigação da PF cruzou informações fornecidas pelos envolvidos e dados de chips de celular, aluguel de carros e outras fontes para concluir que o grupo monitorava Moraes e que é plenamente plausível que um dos integrantes estivesse próxima à residência funcional do ministro.

O uso de termos específicos do ambiente militar e o detalhamento das ações sugerem que os envolvidos tinham treinamento e especialização em operações especiais.

Plano “Punhal Verde Amarelo”

A Polícia Federal (PF) descobriu um plano para assassinar o presidente eleito Lula, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, segundo um documento do Supremo Tribunal Federal (STF).

O plano, chamado “Punhal Verde Amarelo”, foi impresso no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022 e continha detalhes sobre a execução de uma operação de alto risco, incluindo a utilização de armas pesadas e a possibilidade de mortes.

O documento menciona o codinome “Jeca” para Lula e sugere a possibilidade de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico devido à sua vulnerabilidade de saúde.

O codinome “Joca” refere-se a Alckmin, e o plano sugere que sua eliminação extinguiria a chapa vencedora, pois além do presidente, a chapa é composta pelo vice-presidente.

Há também a menção a um terceiro nome, “Juca”, descrito como “iminência parda do 01 [possivelmente Lula] e das lideranças do futuro gov [governo]”, mas a PF não conseguiu identificar quem seria essa pessoa.

O plano também considera diversas condições de execução para o assassinato de Moraes, incluindo o uso de artefato explosivo e envenenamento em evento oficial público.

Envolvimento e reação

O major Rafael Martins de Oliveira seria o líder da operação “Copa 2022”, e o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, também estaria envolvido no plano.

A PF informou que o presidente Lula e o vice-presidente Alckmin foram comunicados pessoalmente sobre o plano e reagiram com “surpresa e indignação”.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, classificou o fato como “extremamente preocupante” e afirmou que não há espaço no Brasil para ações que atentam contra o regime democrático.

Senador Flávio Bolsonaro sai em defesa dos investigados

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) defendeu os investigados do plano para matar o presidente eleito Lula, Alckmin e Moraes.

Ele questionou a credibilidade do plano, afirmando que um grupo de 5 pessoas pretendia criar um “gabinete de crise” para dar ordens ao Brasil após cometer os assassinatos.

Flávio Bolsonaro argumentou que pensar em matar alguém não é crime e que, para haver uma tentativa de assassinato, a execução precisa ser interrompida por uma situação alheia à vontade dos agentes, o que não parece ter ocorrido nesse caso. Ele expressou sua opinião por meio de uma publicação no X (antigo Twitter).