A Polícia Civil do Estado de São Paulo deflagrou na manhã de terça-feira (14) a Operação Poison Source – Fonte do Veneno, com o objetivo de desmantelar uma rede criminosa responsável pela produção e comercialização de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. A ação contou com o cumprimento de 20 mandados de busca e apreensão em oito cidades, incluindo São Paulo, Santo André, Poá, São José dos Campos, Santos, Guarujá, Presidente Prudente e Araraquara. Cerca de 150 policiais participaram da operação, que integra os esforços da força-tarefa do governo estadual no combate aos casos de intoxicação causados pelo consumo dessas bebidas adulteradas.
As investigações tiveram início há cerca de dez dias, após a prisão de um dos maiores fornecedores dessas bebidas falsificadas, que apresentavam rótulos, tampinhas e lacres praticamente idênticos aos originais, dificultando a identificação da falsificação. A partir dessa prisão, a polícia identificou os compradores desses produtos, responsáveis pela manipulação manual das bebidas – processo que consistia em encher garrafas com o conteúdo adulterado e lacrá-las para revenda, inclusive para consumidores de alta exigência socioeconômica, conforme interceptações telefônicas capturadas pela polícia.
O problema da intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas tem se agravado no estado. Segundo o último boletim da Secretaria de Estado da Saúde, São Paulo contabiliza 28 casos confirmados de intoxicação e cinco mortes associadas, além de 100 ocorrências em investigação. A situação é semelhante em outras regiões do Brasil, com um total de 32 casos confirmados no país, espalhados pelo Paraná, Rio Grande do Sul e outras unidades federativas, e 181 casos em apuração. As suspeitas de intoxicação pelo consumo dessas bebidas adulteradas abrangem ao menos 13 estados, como Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul.
Paralelamente às prisões realizadas na operação, que somam 51 este ano no estado por venda irregular ou adulteração de bebidas, a polícia apreendeu produtos, maquinários, insumos para a produção, além de celulares e documentos que possam ajudar a elucidar a rede criminosa. Investigações apontam que o metanol, substância altamente tóxica que pode causar cegueira, danos neurológicos permanentes e morte, estaria sendo usado no lugar do etanol para adulterar bebidas alcoólicas, tornando essa atividade ilícita extremamente perigosa para a saúde pública.
Autoridades do governo de São Paulo têm destacado que o envolvimento de grandes organizações criminosas, em especial o PCC, não está confirmado nem sendo diretamente investigado no momento, embora o uso do metanol seja também associado a outros crimes, como adulteração de combustíveis, o que piora a situação e amplia o desafio das autoridades na repressão a essas práticas criminosas.
A operação segue com análises detalhadas dos materiais apreendidos e a expectativa é de que novos desdobramentos sejam divulgados em breve, visando conter a grave ameaça à saúde pública provocada pela presença do metanol em bebidas alcoólicas comercializadas irregularmente.

