Quatro detentos escaparam do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional Gameleira, em Belo Horizonte, no último sábado (20), saindo pela porta da frente após apresentarem alvarás de soltura falsos inseridos no sistema judicial por um hacker. O grupo, preso no início de dezembro durante a operação Veredicto Sombrio por suspeita de integrar uma quadrilha especializada em invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça para fraudar mandados de prisão, liberar veículos apreendidos e desbloquear valores judiciais, conseguiu enganar os protocolos da unidade prisional.
Os foragidos foram identificados como Ricardo Lopes de Araújo, conhecido como “Dom” e apontado como o hacker coordenador da fraude; Wanderson Henrique Lucena Salomão; Nikolas Henrique de Paiva Silva; e Júnio Cezar Souza Silva. Todos entraram no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro. Ricardo, Wanderson e Júnio possuem passagens anteriores pelo sistema prisional desde 2016 ou 2020, enquanto Nikolas registra apenas essa detenção. Até o momento, apenas Júnio Cezar foi recapturado, na noite de segunda-feira (22), deixando os outros três em fuga.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais detectou a irregularidade em menos de 24 horas, cancelando os alvarás falsos, restaurando os mandados de prisão e acionando forças de segurança estaduais e federais para a recaptura. A Polícia Civil de Minas Gerais informou que diligências estão em curso para apurar as circunstâncias, identificar responsabilidades e localizar os fugitivos restantes. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública instaurou procedimentos administrativos e criminais para investigar falhas nos protocolos internos de verificação das liberações.
O Conselho Nacional de Justiça esclareceu que não houve invasão ou violação estrutural aos seus sistemas, mas sim uso fraudulento de credenciais legítimas obtidas de forma ilícita, sem indícios de falha sistêmica ou envolvimento de servidores. O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, afirmou que ninguém mais saiu da prisão por meio dessa fraude e anunciou medidas preventivas, como o atraso no cumprimento de alvarás de soltura para conferência adicional contra novas tentativas.
O caso expõe vulnerabilidades em credenciais de acesso de magistrados e servidores, mobilizando uma caçada integrada pelas autoridades. Informações sobre os foragidos podem ser repassadas anonimamente pelo Disque Denúncia Unificado 181.

