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Polícia desarticula fabricação ilegal de armas na Baixada Fluminense

# Operação Conjunta Desmantel Rede Estruturada de Fabricação Ilegal de Armas no Rio e Paraná

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, na quinta-feira (13 de novembro), uma operação de grande envergadura para desmantelar uma sofisticada rede de fabricação e comercialização ilegal de armas de fogo, munições e acessórios bélicos. A ação, realizada em conjunto com a Polícia Civil do Paraná, cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a uma quadrilha que produzia armamentos de maneira artesanal, conhecidos popularmente como armas “Frankenstein”. O ex-cabo do Exército Carlos Henrique Martins Cotrin foi um dos principais alvos da operação, sendo preso enquanto tentava fugir pelos fundos de sua propriedade.

A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), iniciou após análise minuciosa de dados extraídos de dispositivos eletrônicos apreendidos em fases anteriores, submetidos à perícia digital. O material periciado revelou um intenso fluxo de comunicações, vídeos e registros de transações ilegais que comprovavam a existência de uma rede estruturada operando na clandestinidade. A organização criminosa funcionava de forma meticulosa, com conexões diretas entre fabricantes, intermediários e compradores, responsáveis pela produção e comercialização de pistolas, fuzis e metralhadoras artesanais, além de munições montadas manualmente.

O esquema operacional demonstrava um nível considerável de sofisticação criminal. As mensagens interceptadas pela polícia e os registros financeiros apreendidos indicaram que os lucros da quadrilha chegavam a impressionantes 150%. Para distribuir sua produção, o grupo utilizava transportadoras privadas com instruções específicas para disfarçar os envios, ocultando tanto o conteúdo quanto a identidade dos remetentes. As equipes policiais localizaram diversos pontos de produção e armazenamento equipados com ferramentas profissionais, peças de reposição, insumos especializados e equipamentos sofisticados para recarga de munições. Parte significativa do armamento produzido ou adquirido irregularmente era distribuída a terceiros completamente destituída de qualquer controle legal ou registro armamentício.

A situação do ex-cabo Cotrin exemplifica a penetração dessa rede criminosa nas estruturas locais de poder. Segundo informações da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos, sua empresa funcionava nos fundos de uma residência em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde consertava armas para as milícias locais da região e também produzia fuzis para vendas pela internet, oferecendo os produtos por valores que variavam entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Em uma segunda fábrica localizada também na Baixada Fluminense, cinco pessoas foram presas. Entre as armas apreendidas naquele local estavam pistolas, revólveres, um fuzil completo, carregadores, munições de diversos calibres e até um lança-rojão.

No Paraná, as autoridades prenderam Márcio Marcelo Ivanklo em sua residência no bairro Parolin, em Curitiba. Na casa do suspeito foram localizadas aproximadamente 80 armas, entre espingardas, pistolas e revólveres. Conforme revelado durante a investigação, Ivanklo comercializava armas e munições através de grupos de WhatsApp, mantendo contato direto com clientes. Este indivíduo possui histórico criminal anterior, tendo sido preso pela Polícia Federal em 2008. A investigação ainda trabalha para identificar completamente quem eram os clientes do suspeito, qual era o destino final das armas e de qual local específico saíam os materiais que ele possuía.

Outro suspeito preso durante a operação foi um ex-militar da aeronáutica, de 51 anos, detido no Paraná. De acordo com o delegado responsável, este homem já possuía antecedentes por venda ilegal de munições e negociava armas com traficantes cariocas, não apenas enviando e adquirindo armamentos, mas também orientando como produzir munições e armas de fogo. Na residência deste suspeito foram apreendidas cerca de 80 armas, munições, pólvora e máquinas de recarga. O delegado ressaltou que, embora o suspeito possuísse registro de CAC (Caçadores Atiradores e Colecionadores), este registro cobria apenas uma pequena parte do material apreendido, sendo autuado em flagrante pela posse de armamento de uso permitido e de uso restrito.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, enfatizou a importância estratégica dessa operação no contexto da segurança pública estadual. Segundo ele, a ação representa muito mais do que simples prisões de traficantes, caracterizando-se como uma desarticulação profunda da estrutura financeira que alimenta o crime organizado. Castro declarou que “o Rio está combatendo com firmeza o crime organizado e tudo que o alimenta”, ressaltando que “essa operação é mais uma prova de que inteligência, integração e tecnologia estão no centro da nossa política de segurança. Estamos desarticulando quem fabrica, quem vende e quem financia a violência”.

A operação representa um marco significativo no combate à fabricação ilegal de armamentos nas regiões sul e sudeste do Brasil, demonstrando a capacidade das forças policiais de identificar e neutralizar redes sofisticadas de crime organizado que operam nas sombras da economia paralela. As investigações continuam em andamento para esclarecer completamente a extensão da rede, identificar novos suspeitos e recuperar armamentos que possam ter circulado entre facções criminosas e milícias atuantes nos estados investigados.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)